
Ao participar do Brasscom TecFórum Educação & Emprego, realizado nesta quarta, 27/8, em São Paulo, a estagiária na área de desenvolvimento de negócios da Serasa, Melissa Almeida, chamou atenção para os desafios que a juventude brasileira enfrenta ao buscar uma primeira oportunidade de trabalho. Segundo ela, há um mito do empreendedorismo e uma distância muito grande da maioria dos jovens do que chamou de “bolha tech”.
“Esses jovens são muito impactados por uma narrativa de influenciadores que se aproveitam de uma lacuna socioeconômica”, afirmou. Para Melissa, a promessa de que basta abrir um perfil no TikTok ou no Instagram para conquistar ganhos elevados acaba influenciando, em especial, jovens de periferia. Mas, como destacou, o interesse real é por empregos de qualidade.
“Existe essa métrica de 63% dos jovens quererem empreender. E junto com isso vem uma ideia de sucesso fácil, de baixo esforço e ganhos extraordinários. O que também traz uma suposta rejeição ao trabalho formal, principalmente ao trabalho de tecnologia. Mas, na verdade, não é uma rejeição ao mercado de tecnologia, e sim ao subemprego. O que o jovem não quer é acabar em um emprego com más condições de trabalho. O que o jovem não quer é ganhar menos de mil reais em uma ocupação sem perspectiva”, afirmou.
Para o setor de TICs, há um dilema adicional, como reforçou Melissa no painel Vozes do Futuro: Juventudes e caminhos para o primeiro emprego. “O jovem não tem conhecimento da bolha ‘tech’. A bolha tech segue muito distante do jovem que é a cara do Brasil, que é o jovem que tem muitas marcadoras sociais, tem baixa escolaridade e não tem acesso a essa bolha de tecnologia.”
Segundo ela, programas de jovem aprendiz e estágios em grandes empresas ainda são desconhecidos para muitos estudantes. “Se eu chegar na periferia e falar de backlog, scrum, metodologias ágeis, esse jovem não vai entender. Existe um grande distanciamento dessa bolha”, insistiu.
A resposta, apontou, é trabalho conjunto. “O caminho é articular com ONGs que estão em territórios de vulnerabilidade, Setor privado, terceiro setor, todo mundo andando junto para o objetivo final.”