BRPhotonics: sem dinheiro, morreu o sonho de fazer chip no Brasil
A venda dos ativos da BRPhotonics – joint-venture entre o CPqD e da norte-americana GigOptix, depois comprada pela IDT – foi concluída em julho com a transferência da propriedade intelectual e dos ativos da parte de polímeros por US$ 350 mil à norte-americana Lightwave Logic. Os demais ativos, entre eles, o próprio CNPJ usado pela fabricante de chip, foram repassados para duas empresas privadas, cujos nomes são mantidos em sigilo por acordos de confidencialidade. Os valores também não foram revelados, de acordo com as fontes ouvidas pelo portal Convergência Digital e que pediram para não serem identificadas.
À reportagem, as fontes foram taxativas ao rebaterem a ação da Skylane Optics – que em nota oficial divulgada nesta quarta-feira, 19/09, reclamou de falta de transparência no processo de venda dos ativos. “A proposta deles ficou muito baixa e só havia interesse em uma pequena parte”, afirmou uma fonte. Outra fonte diz que a Skylane quebrou as regras de confidencialidade do negócio. “Eles foram ao mercado antes de nos procurar para ter explicações. Não havia a obrigação de fazer uma licitação pública. A BRPhotonics não era uma empresa pública”.
As fontes ouvidas pelo Convergência Digital asseguram que houve um aporte de R$ 15 milhões da FINEP, braço de fomento do MCTIC. “Não chegamos aos R$ 70 milhões previstos por conta da venda da GigOptix, que iria vender os nossos chips no exterior. A nova dona, a IPT, não se interessou pelo Brasil. Sem suporte, o projeto fracassou”, afirma outra fonte.
A derrocada da BRPhotonics, anunciada com pompa e circustãncia pelo governo e pelo MCTIC em 2014, é um baque no sonho brasileiro de produzir componentes. Como descreve uma fonte, “a história não acabou como se gostaria, mas a tecnologia estava na bancada, havia uma fila de clientes interessados, mas infelizmente não houve tração no mercado para financiar a tempo. Faltou dinheiro. Fazer microeletrônica, fazer chip exige muito capital”.
Ainda de acordo com as fontes, os recursos obtidos com a venda dos ativos foram usados, entre outras coisas, para honrar os compromissos com os funcionários da empresa, criada em 2014 e que fechou as portas em dezembro de 2017. Mas essas mesmas fontes admitem que o valor arrecadado não chegou nem perto dos R$ 15 milhões investidos pela FINEP, que apesar de valores altos para o governo não chegaram nem perto de viabilizar o negócio. O CPqD, que era sócio na joint-venture, e a agência de fomento do MCTIC não querem falar oficialmente sobre o assunto BRPhotonics.