Mercado

eSocial cria racha entre a contabilidade e a medicina do trabalho

O envio de informações de segurança e saúde do trabalho para o eSocial, que para as grandes empresas é obrigatório desde 13/10, gerou um racha entre escritórios de contabilidade e empresas de medicina do trabalho. Tratados separadamente no universo dos escaninhos corporativos, esses dois mundos entraram em rota de colisão com a digitalização dos dados trabalhistas e previdenciários – o eSocial. 

“Vemos com extrema preocupação a tentativa de alguns agentes de mercado buscarem suscitar às empresas do segmento contábil a responsabilidade descabida de transmitir os eventos de saúde e segurança do trabalho à plataforma do eSocial”, diz um manifesto da Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis, Fenacon, que orienta os representados a recusarem o envio dessas informações. 

O auditor e coordenador do eSocial, José Maia, diz que, à pedido das próprias empresas, o governo adiou a possibilidade de que parte das informações – dados de ambiente de trabalho, ou PPPs no jargão previdenciário – possam ser enviados em papel até o início de 2022. “Houve flexibilização do eSocial. Entendemos que cada um vai fazer e vamos ver o que vai se estabelecer como sistema de negócio. Algumas empresas de TI vão oferecer ao cliente a possibilidade de ele mandar isso”, avalia Maia. 

Paralelamente, o grupo responsável pelo eSocial tenta por no ar uma nova versão simplificada do sistema que permita o envio dos dados de SST. A expectativa era ter isso rodando em maio, depois julho, outubro e, agora, novembro. O atraso é menos grave porque as empresas menores e demais empregadores, como pessoas físicas, só estão obrigados a alimentar os eventos de SST a partir de janeiro de 2022. Mas o manifesto dos contadores na mesma semana em que começou a obrigação nas grandes empresas sinaliza para ruídos na TI. 

Não por menos, o presidente da Fenacon, Sérgio Approbato Machado Júnior, resume o busílis no uso de soluções de tecnologia da informação pelas empresas de SST. “O que precisa é um elo de ligação com o portal e quem tem que desenvolver isso são as empresas de tecnologia. Na prática, isso até já existe. Então é uma questão das empresas de saúde e segurança do trabalho procurarem as empresas que têm essa plataforma de conexão. Vai ter custo maior? Óbvio que sim. Mas tem que resolver com o cliente.”


“Já há sete anos, as empresas de sistemas que atendem a contabilidade melhoraram muito a integração com o eSocial. O natural seria o setor do SST conversar com as empresas de tecnologia que os atendem para criar um modulo de integração para gerarem o XML deles e integrarem com a base do governo”, completa o presidente da Fenacon. 

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