ISPs e transformação digital aquecem o mercado de fibra óptica no Brasil
A venda de cabos de fibra óptica para os prestadores de serviços de internet permanecerá aquecida pelos próximos cinco anos, segundo perspectiva de executivos da Prysmian, que conversaram com membros da imprensa durante a inauguração da sede do grupo para a América Latina. Localizada na cidade de Sorocaba, interior de São Paulo, o headquarters foi criado após a aquisição da General Cable Corporation, no ano passado, e consolida as operações da região. A sede anterior ficava em Santo André, na grande São Paulo.
Atualmente, os prestadores de serviços de internet são responsáveis pela compra de metade do volume vendido de fibra ótica pelo grupo. “As empresas de internet estão se desenvolvendo, passaram de uma participação pequena, há quatro ou cinco anos, para aproximadamente 50% do nosso negócio neste ano. Eles não detêm a maioria dos usuários, mas são responsáveis pelo desenvolvimento. Acreditamos que eles seguem crescendo pelos os próximos cinco anos, porque ainda tem muito a fazer no Brasil em fibra ótica e eles tem maior capacidade de construir que as operadoras e de atingir áreas mais remotas que nem sempre interessa para as telcos”, disse João Carro Aderaldo, CCO do Grupo Prysmian.
“O Brasil tem 210 milhões de pessoas e um dos maiores gaps de internet. Estão faltando investimentos por parte das grandes operadoras que estão sendo suprimidos pelos ISPs. Vemos um crescimento de 10% a 20% por ano”, completou Juan Mogollon, CEO para América Latina da companhia. A necessidade por fibra ótica também é impulsionada pelas novas demandas oriundas da transformação do mercado de tecnologia. “A fibra ótica é consequência dos dados. Já vimos isto nos Estados Unidos e na Europa e vamos ver na América do Sul”, disse Valerio Battista, CEO global do Grupo Prysmian.
Nova sede
O Grupo Prysmian investiu perto de US$ 150 milhões na expansão de duas — em Sorocaba (SP) e em Poço de Caldas (MG) — de suas sete unidades no Brasil. No interior paulista, a empresa de cabos e sistemas de energia e de telecomunicações ampliou e modernizou as linhas de produção destinadas a cabos de energia, cabos óticos e metálicos para a transmissão de dados e cabos especiais para a indústria automotiva e na construção de um novo centro de distribuição. A unidade também passa a ser o novo centro de excelência para a América Latina, que conta com laboratório para pesquisa e desenvolvimento.
Com a expansão, a capacidade produtiva da fábrica brasileira aumentou de 2 milhões para 2,5 milhões de quilômetros de fibra ótica por ano. “Estamos felizes em ser os únicos produtores de vidro para fibra ótica na América do Sul. Saímos da fábrica de Santo André e baseamos nossa sede em Sorocaba. Acreditamos que podemos comemorar os 90 anos da empresa na América do Sul com o investimento que fizemos aqui”, afirmou Battista. O Grupo Prysmian também fornece fibra ótica para outros players de cabos óticos.
Das vendas de 11,6 bilhões de euros, 54% vem da região Emea; 28% da América do Norte; 9% da América Latina e 9% da Ásica Pacífica. O Brasil responde por 40% da AL, sendo a maior parte dos negócios para atender ao mercado de geração e transmissão de energia. No Brasil, a empresa faturou R$ 1,9 bilhão em 2018, possui 1500 empregados, sete plantas em cinco Estados e dois centro de excelência para P&D.
Nos últimos três anos, o Grupo Prysmian investiu cerca de R$ 30 milhões na planta de fibra ótica com novas tecnologias e aumento de capacidade. De acordo com Mogollon, os produtos manufaturados localmente abastecem a maior parte da América Latina.
Questionados sobre o momento econômico da América Latina, os executivos mostraram-se otimistas. “Estou preocupado, mas não apavorado”, sentenciou Battista. “A turbulência na América Latina tem assustados alguns. Pegue a Argentina como exemplo. Alguns de nossos competidores deixaram o país, mas nos permanecemos. As condições financeiras são difíceis, mas cedo ou tarde vão melhor”, explicou o CEO global.
“Nós acreditamos, temos investido e estamos nos preparando para a recuperação. O mercado muda, tanto nas perspectivas econômicas quanto nas tendências, e novos desafios são criados em função disto. Tudo que fizemos e estamos fazendo é para nos preparar para o futuro – produzir e desenvolver produtos melhores para o novo ciclo de desenvolvimento. Confirmamos a nossa disposição de investir no Brasil e nos preparar para o futuro dos desafios tecnológicos”, completou João Aderaldo, CCO para o Brasil.
*Roberta Prescott foi a Sorocaba, no interior de São Paulo, a convite do Grupo Prysmian