Nova Lei de licitações muda jogo para nuvem na compra por serviço no Governo
Com 25 anos de experiência no desenvolvimento de serviços digitais para gestão pública, o Instituto das Cidades Inteligentes firmou um acordo com a AWS e vai passar a oferecer suas 220 soluções pela nuvem. Como destaca o presidente do ICI, Mauricio Pimentel, é muito mais do que uma mudança tecnológica. Como explica nesta entrevista ao portal Convergência Digital durante o Simpósio de Setor Público da AWS, em Brasília, o próprio modelo de negócios será transformado pelo uso da nuvem.
“Primeiro, muda nosso paradigma de oferta de soluções. A cabeça do meu colaborador, o desenvolvedor de software, o pessoal de rede, o pessoal de infra, o pessoal de segurança, vai ter que pensar diferente. Hoje somos alfaiates. Mas preciso atender um conjunto maior de municípios, portanto eu não posso ser tão alfaiate assim. Tem que ser um pouquinho mais prèt a porter, um pouquinho mais linha verão, linha inverno”, diz Pimentel.
“A segunda mudança importante é que hoje estamos muito baseado na venda de licenciamento. E a gente precisa ir pro ‘as a service’. Significa que temos que reescrever nossa história comercial. E a terceira mudança é que estamos acostumados a ter recursos tecnológicos ao alcance da mão, segurando firmemente. E agora vamos gerenciar um recurso que não estou enxergando a olho nu. Tudo em prol de conseguir uma maior capilaridade.”
O ICI atende atualmente 13 municípios, cinco deles no Paraná, onde está sediado, e os demais em Minas Gerais, Mato Grosso e São Paulo. “Temos sido contratados por cidades fora do Paraná. E quando essas cidades nos contratam, eles continuam vindo acessar os seus sistemas no data center. E aí isso começou a causar problemas técnicos de latência, demora, performance. Então, o primeiro movimento é conseguir fazer com que essas soluções cheguem mais perto do cliente”, explica o presidente do Instituto.
Ainda que seja uma mudança importante no próprio modelo de negócios, o ganho projetado é grande. “O bônus é muito objetivo. Nossos contratos tradicionais são fechados de 90 a 150 dias para o primeiro faturamento. Gasto entre 80 e 120 dias para colocar o sistema de pé. Agora a gente já tem dois sistemas que instalo em 22 dias. Fechei o contrato, 22 dias depois estou com o sistema em produção, em oito dias o cliente testa, valida. No 31º dia eu estou bilhetando, estou faturando. Veja a vantagem econômica que isso vai me trazer. De 120 dias de mobilização, vou trazer para 30 dias e começo a faturar no 31º”, calcula Pimentel.
Ele ressalta que movimentos como esse são hoje mais viáveis graças à nova Lei de Licitações (14.133/21), que passou a permitir ao gestor público fazer novos modelos de contratações de tecnologia.
“A camada governo, seja federal, estatual ou municipal, ainda tem uma certa resistência ao ‘as a service’. Com a lei nova, a gente está um pouco mais amparado na moldura jurídica. Porque, no fundo, a legislação era feita para comprar a caneta BIC. Aquilo que eu consigo contar. Quando você fala de um objeto digital, a metrificação do objeto digital não cabia nas leis antigas. Agora se abre alguma possibilidade de enxergar qual que é o tamanho da solução que eu estou comprando quando ela é digital. Não vai comprar em metro, não vai comprar em quilo, não vai comprar em peças, mas em uso, em benefício.” Assistam a entrevista com o presidente do ICI, Maurício Pimentel.