Open Banking: correntista ganha poder de negociação com o valor dos seus dados
Daqui a pouco mais de um ano, no fim de 2022, quando — espera-se — o open banking já vai estar implantado e sendo usado pela população, os consumidores vão colher os benefícios do compartilhamento de dados, com acesso a produtos e serviços mais personalizados, e com consumidores mais empoderados e cientes do valor dos seus dados.
“Vejo também maior coopetição, com o ecossistema de integração fomentando parcerias e com a troca de dados gerando novas soluções; e o surgimento de marketplaces de várias coisas, como bancos como serviço, com bancos usando sua plataforma para oferecer outros produtos que não são seus, trazendo serviço de parceiros mesmo não financeiro”, ponderou Karen Machado, gerente-executiva de open banking no Banco do Brasil, ao participar do painel “Open banking: desafios para uma implementação segura e eficiente”, realizado pela Mobile Time.
Na mesma linha, Renato Hormazabal, arquiteto de segurança da HypeFlame, disse que haverá maior autonomia para o consumidor, com menores custos de processos, maior qualidade de serviço e maior competitividade de mercado. “Pegando o histórico recente do Pix, vimos que a curva de aprendizado foi rápida e mostrou uma população ávida por inovação”, disse Gilmar Hansen, vice-president de produtos da RecargaPay. “Em 2022, teremos um salto de patamar, com um ambiente mais cooperativo e interligado, serviços mais adequados e com fit ao perfil”, completou.
Para João Paulo Aragão, estrategista-executivo de tecnologia para a indústria de serviços financeiros da Microsoft, a questão de open banking não é produto ou solução, mas é algo que vai crescer e em paralelo, atingindo vários pontos e modelos de negócios. “Há uma evolução para ser marketplace de APIs e vai reduzir um pouco a inércia de todos os atores”, apontou.
A partir do open banking os bancos também poderão explorar novos modelos de negócios, como, por exemplo, oferecendo capacidade de análise de crédito para empresas de diversos setores. “Sabemos como open banking vai começar, mas não sabemos como vai terminar, porque é uma inovação tão robusta para a cadeia financeira e dá margens para outras cadeias participarem. A criatividade é o limite. Precisamos de pessoas criativas para criar novas frentes”, acrescentou Diego Oliveira, engenheiro de arquitetura de sistemas na Fortinet.
Para ele, é o uso que a população fará de open banking que vai trazer potência. “Open banking dá força para a pessoa que é dona do dado e esta democratização é muito importante”, afirmou durante o painel. Indo além do sistema financeiro, Karen Machado, do BB, disse acreditar que o open banking levará a uma abertura maior e de outros segmentos. “Open banking é começo de open data para outros segmentos. Será que não vamos querer, por exemplo, compartilhar dados de saúde para termos melhores e mais adequados planos de saúde”, questionou.