Open Finance tem de mostrar valor ao cliente como fez o PIX
O setor financeiro é um dos principais vetores dos investimentos em tecnologia no Brasil, como se vê na rápida disseminação de soluções como PIX e na agenda regulatória ambiciosa do Banco Central no rumo do Open Finance. Mas como destacado durante o Tech Bank Forum, organizado pela Network Eventos,realizado em Brasília nesta terça, 30/5, a nova ordem de compartilhamento de dados entre instituições financeiras precisa se traduzir em valor para os clientes.
“O Open Finance é prioridade para os bancos, pelo próprio atendimento regulatório muito intenso. Mas a essência do compartilhamento de dados e o que pode surgir de serviço ainda não sabemos. Há espaço para explorar ainda mais esse ecossistema. Também não sabíamos tudo que a internet ia possibilitar quando surgiu”, destaca a diretora de inovação, tecnologia e cibersegurança da Febraban, Carolina Sansão.
O universo de possibilidades, porém, é imenso. Afinal, como mostram números da Federação de Bancos, 7 de cada 10 transações financeiras são feitas por canais digitais. “O mobile cresceu 66% em um único ano”, reforçou a diretora de inovação.
“Esse movimento vai nos levar a uma hiperpersonalização do banco para o cliente. Antes eram produtos muito parecidos. No futuro, com Open Finance, com inteligência artificial, o cliente vai exigir que tenha um banco para ele. Esse é o futuro”, emendou o superintendente de arquitetura tecnológica da Caixa Econômica Federal, Darlan Costa.
Para o superintendente executivo de BaaS [Banking as a Service] do Banco Original, Alexandre Conceição, ainda falta maior clareza do que o Open Finance traz de benefícios para os clientes e isso precisa ser endereçado pelas instituições.
“A gente esta tentando fazer com que o consumidor entenda a infraestrutura de um modelo de comunicações, um modelo que o Banco Central diz que é fabuloso, mas que o consumidor ainda não entendeu o beneficio de levar o dado dele de um banco para outro. Compartilhar um ano de fatura de cartão de crédito entre bancos, por que razão? Pode reduzir o risco através de uma historia em outra organização e assim oferecer uma taxa mais barata. Mas as pessoas ainda não capturaram o beneficio. O desafio do Open Finance é justamente trazer o valor para o consumidor. Assim como houve no PIX”, afirmou.
Paralelamente, a própria implantação de um novo ecossistema tecnológico cria dificuldades em um ambiente onde bancos nativos digitais convivem com instituições centerárias. “Isso obviamente cria dificuldade grande para a transformação digital. Um sistema que roda há 20 anos não esta preparado para inteligência artificial, para novas tecnologias. Isso exige investimentos para modernizar sistemas e efetivamente usar as tecnologias. Cloud é um mecanismo para a transformação digital, é o ambiente que facilita isso, é o meio. Transformação digital é sair do legado para uma organização ágil, usando tecnologia para isso. E essa é a grande dificuldade dos bancos tradicionais”, destacou o country manager da HCLTech, Fabiano Funari.
