Para Banco do Brasil, alucinação da IA ainda limita uso na interação com clientes
Com investimentos bilionários em tecnologia – são R$ 47 bilhões previstos para este ano – o setor financeiro aposta claramente no uso da inteligência artificial para personalizar serviços, aumentar a segurança das transações e para escrever novas linhas de código no desenvolvimento de serviços digitais.
Mas como destacado pela vice presidente de tecnologia e negócios do Banco do Brasil, Marisa Reghini, ao participar nesta quarta, 26/6, do Febraban Tech 2024, a fase de aprendizado, especialmente da IA generativa, exige cautela dos bancos com relação a onde e quando inserir essa nova onda tecnológica.
“A IA tradicional já vem sendo utilizada pelos bancos ha muito tempo, cerca de 10 anos. Mas a IA generativa ainda é nova no mundo, não apenas no financeiro. Ainda precisa de um tempo de maturação. A IA generativa usa muitos dados e aprende muito sozinha. E quando a gente fala de alucinação é porque ela está em fase de aprendizado. A preocupação é que a gente não pode colocar algo ainda em aprendizado diretamente aos nossos clientes porque não queremos causar risco ou problema maior para ele”, disse a executiva.
Até por isso, insistiu, os bancos vêm adotando IA generativa em ambientes mais controlados, com grupos específicos de clientes, normalmente começando por funcionários das próprias instituições. “Por isso esse momento ainda de utilizar mais internamente, onde a gente tem uma curadoria mais forte dos funcionários. Obviamente, essa tecnologia ainda vai avançar muito. E quem sabe quando o mundo todo entender um pouco essa linha da alucinação com a utilização”, apontou Marisa Reghini.
Essa fase de aprendizado, apontou a VP do BB, também vale para um certo nível de incerteza do que virá com o uso da IA generativa para ciberataques. “Já usamos inteligência artificial no auxílio ao monitoramento em cibersegurança. Mas se a IA generativa está evoluindo tanto, como será utilizada pelo lado mau? Vai ajudar na propagação maior das questões de ciber? Penso que, conforme a tecnologia for evoluindo na maturação, na governança dos dados, vamos olhar mais para essa questão e avaliar como ela evoluiu. E a gente já usa IA para segurança. Usar IA generativa para o bem vai proteger ainda mais.” Veja a entrevista com Marisa Reghini.