Real Digital, o Drex, precisa vencer o desafio da privacidade
Próximo de iniciar a segunda fase de testes, a moeda digital brasileira, o Drex, precisa superar o desafio da privacidade em um ambiente programável, assinalou Clarissa Souza, coordenadora de tecnologia do Banco Central do Brasil, ao participar de painel realizado nesta quinta-feira, 27/06. no Febraban Tech 2024.
“Começamos o projeto em janeiro de 2023 e trouxemos um desafio de teste montando um grupo com 16 consórcios para avaliar o problema da privacidade com a programabilidade”, assinalou a executiva. “Agora, na segunda fase, a proposta é que bancos implementem casos de uso e tentem usar as soluções de privacidade que temos testado”, adicionou.
Na segunda fase, a infraestrutura criada para o Piloto com Tecnologia de Registro Distribuído (DLT) passará a testar a implementação de smart contracts criados e geridos por terceiros participantes da plataforma. Os participantes poderão criar e gerenciar serviços próprios e novos modelos de negócios, não se limitando mais a serviços criados pelo BC.
A ideia também é abrir o projeto para outros consórcios entrarem, agregando e testando novos casos de uso, disse a executiva, acrescentando que não há uma data de entrega do Piloto Drex. “Temos o compromisso de conversar e testar a plataforma Drex. Sabemos que a expectativa acaba sendo muito alta, depois do Pix e open finance, mas o Drex é um projeto com muitas variáveis”, justificou.
Com relação ao desafio da privacidade, Clarissa Souza explicou que, como se trata de uma plataforma regulada, é necessário resolver este problema, “porque temos arcabouço regulatório que temos de seguir”. A abordagem do dilema de privacidade e programabilidade foi colocada à mesa para debate na primeira fase, mas a tecnologia precisa de tempo para amadurecer.
“Vimos, ao longo do piloto, soluções diferentes de privacidade e as colocamos na rede. Desde o início do projeto, vimos a evolução das soluções ao longo do tempo. Este processo vai casar bem com a segunda fase que terá novos casos de uso e vamos colocá-los dentro dessas soluções”, detalhou, frisando que não existe dificuldade em fazer uma transação com privacidade, mas, sim, de compor ‘as coisas’ com a programabilidade.
Oportunidades
A coordenadora do Banco Central defendeu que os casos de uso e suas possibilidades representam uma grande oportunidade. “O projeto do Real Digital surgiu a partir de uma visão de longo prazo e com uma visão de futuro que se aparece com modelo de finanças descentralizadas. Estamos vendo o que podemos trazer deste mundo para o mundo regulado, mas esta visão é muito ampla e, se tentarmos atingir esta visão de uma vez, não tenho dúvida de que dará errado”, apontou. Governança — além de privacidade — também é palavra de ordem.
A executiva classificou a segunda fase “como uma oportunidade que não pode passar”. E ela deu recado para os 16 consórcios. “Vamos tentar encontrar as ineficiências, começar pequeno, fazendo algo que traga ganhos para o mercado, e montando o ecossistema com peças pequenas. À medida que vamos conhecendo daquilo, vamos aprimorando. Eu entendo que existe ansiedade de colocar um caso de uso, mas tem de pensar o que podemos materializar que vai trazer de ganho para a população, que tipo de coisa vamos ter ganho para a plataforma e evoluir.”