Segurança desafia o sucesso do Open Finance
Em pleno processo de desenvolvimento, o Open Finance deve trazer oportunidades para o setor financeiro, mas, antes disso, traz uma série de desafios. O principal deles diz respeito à segurança, uma vez que os dados dos clientes devem circular por diferentes instituições.
Para o diretor-presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, o projeto será importante, mas é preciso tomar cuidado com seu desenvolvimento. “Todos os dados dos clientes serão compartilhados e temos que ter muita segurança no transacional. O grande desafio aqui é segurança para implementar, porque há níveis de segurança distintos nas diferentes instituições e empresas”, disse, reforçando a necessidade de um padrão.
Ao mesmo tempo, o executivo acredita que muitas parcerias podem surgir a partir de sua implementação, o que pode fazer toda a diferença no aprimoramento da jornada do cliente. “Temos os clientes digitalizados, mas quando olhamos em termos de penetração de serviços, ainda falta muito. É uma jornada em construção e há uma curva de aprendizado muito importante a ser cumprida”, defendeu.
Já o presidente do Banco do Brasil, Fausto de Andrade Ribeiro, considera que o Open Finance traz oportunidades em três eixos. O primeiro deles é a experiência do cliente, com a possibilidade de ofertas personalizadas. “No BB, conseguimos construir soluções personalizadas para 90% dos clientes que compartilharam dados conosco”, explicou.
Outro eixo é a criação de novos modelos de negócio. Um exemplo é o estabelecimento de parcerias com redes lojistas. Hoje, o BB tem esse tipo de parceria com 27 grandes redes, para as quais direciona seus clientes com ofertas personalizadas em uma alternativa de receita impensável há alguns anos.
Por fim, Ribeiro acredita que o compartilhamento de dados deve aprimorar os processos de aquisição de novos clientes. “Com os dados em mãos, é possível antecipar toda a estratégia de atuação. Isso abre uma janela enorme de oportunidades, que vai nos permitir conhecer melhor nossos clientes”, diz.
Futuro
Com essa perspectiva, Ribeiro afirmou que, no ano que vem, o BB deve acelerar ainda mais seu processo de transformação digital. Seu objetivo é deixar um banco digital de fato para a próxima administração. “Para isso estamos trabalhando para tirar etapas que levem o cliente à agência e buscando uma especialização cada vez maior de nossa rede de atendimento, com foco em perfis específicos de clientes e com o digital convivendo com o físico”, disse.
O objetivo é o que ele chama de criar um banco para cada cliente, o que deve se traduzir em agências leves, sem aparatos como vidros blindados, portas giratórias e cofres. “Lojas com estrutura mínima, mais barata e mais difusa. Temos que buscar parcerias estratégicas.”
Mais pragmático, Lazari, do Bradesco, lembrou que desafiador é terminar 2022, que ainda tem eleições e copa do mundo pela frente. Ainda assim, ele considera que o grande desafio do setor para os próximos anos é ajustar suas estruturas para se adequar a um novo contexto, mais digital e menos físico. “Os novos entrantes nos provocam a buscar esses caminhos mais rapidamente”, disse, reforçando que para 2023 a principal expectativa é debelar o fantasma da inflação e manter as expectativas de crescimento.