
A empresa americana Viasat lançou no Brasil o serviço de conexão via satélite direto-ao-dispositivo (direct-to-device, ou D2D, no jargão do setor), que permite conexão e diretamente em smartphones, sem necessidade de antenas terrestres. O serviço, inédito no país, mira a imensidão de áreas sem cobertura celular e, especialmente, conexões de internet das coisas na agricultura.
“Este é o começo de uma revolução”, afirmou o diretor-geral da Viasat no país, Leandro Gaunszer, durante demonstração nesta terça, 22/4, em Brasília. “Estamos conversando com as operadoras e com nossos parceiros de atendimento IoT. Esse é um serviço complementar à telefonia móvel”, insistiu.
Por enquanto, o D2D tem limitações de smartphones compatíveis, além de serviços em si. Na atual versão, permite mensagens de texto – SMS – e de emergência. “No roadmap do 3GPP, a partir de 2026 haverá novas especificações para chamadas de voz”, disse o VP global de parcerias de D2D da Viasat, Kevin Cohen.
Até por isso, a primeira aposta da Viasat é na conectividade IoT, especialmente na agricultura. “94% dos profissionais que trabalham hoje na agricultura já dizem que estão utilizando ou têm a intenção de utilizar a Internet das Coisas. E 50% das empresas que utilizaram a conectividade satelital para IoT identificou maior produtividade ou redução de custos. E hoje é um mercado ainda limitado. Mas vai aumentar bastante”, disse o diretor no Brasil, Leandro Gaunszer.
Como destacou o presidente da Anatel, Carlos Baigorri, presente à demonstração da Viasat, “só 18% da área geográfica do Brasil tem cobertura celular”, em sinal de potencial para as conexões direct-to-device. Falta, ele reconhece, o mercado se entender.
“A Anatel tem dado todo o apoio, no Brasil e em nível internacional, para o desenvolvimento dessa tecnologia, justamente por entender que ela traz um grande potencial para nossa população. E o debate que se colocou é se as conexões via satélite vão ser um competidor ou um complemento das tradicionais redes terrestres. Tenho convicção que são sistemas complementares. A capacidade instalada nas redes terrestres dificilmente vai ser sobreposta por sistemas satelitais. E são casos de usos e condições de acesso bem diferentes”, disse Baigorri.
Por enquanto, há poucos aparelhos celulares já com capacidade integrada de receber sinais diretamente do satélite. Por isso, a Viasat também explora a conexão via ‘dongle’, que serve como intermediário para celulares sem a tecnologia D2D. A empresa, porém, acredita que o Brasil pode ter um mercado semelhante ao que já explora nos EUA em parcerias com empresas como Verizon ou T-Mobile.
“Existem diferentes modelos, com o serviço já incluído no pacote móvel ou pelo pagamento como valor adicionado. Mas se uma operadora como a Verizon é capaz de fornecer D2D sem cobrar mais para isso do cliente, é sinal de que tem um mercado potencial importante”, ressaltou o VP Kevin Cohen.