Segurança

OT-Morpho quer autenticação por biometria além dos meios de pagamento

Aliar segurança com conveniência tem sido o campo de batalha das empresas de meio de pagamento. No intuito de aumentar a segurança das transações, muitas vezes, as empresas acabam optando por acrescentar métodos e adicionar camadas de autenticação, como, por exemplo, por envio de SMS, mas tal prática nem sempre é bem recebida por consumidores. “Varejistas online perdem 25% do faturamento quando colocam autenticação por celular”, comentou em entrevista ao portal Convergência Digital, o CEO global da OT-Morpho, Didier Lamouche, em visita ao Brasil.

O executivo mostrou dois exemplos de soluções desenvolvidas pela multinacional francesa para aprimorar as transações: um cartão que substitui os três dígitos fixos de segurança do verso por um token inserido no plástico que mostra números randômicos de segurança e um cartão sem contato, com tecnologia NFC, e autenticação por biometria. “É preciso aumentar a segurança, mas de maneira que seja fácil e conveniente para o usuário, como usando suas próprias características por meio da biometria”, explicou.

O cartão com o “motion code” já está em uso em banco na França como o Société Générale e o BNB. “O mercado francês está migrando para este tipo de cartão”, disse Lamouche. No Brasil, a OT-Morpho está em negociação com os quatro maiores bancos, mas ainda não tem clientes para esta tecnologia. “Não é biometria, mas este cartão é conveniente para quem usa.” Já a solução que incorpora biometria no cartão sem contato resolve o problema da autenticidade do comprador ao mesmo tempo em que mantém a rapidez da transação, uma vez que não tem a necessidade de inserir senha. A OT-Morpho lança o produto em dezembro e diz que há clientes interessados, mas nada fechado ainda. No Brasil, a companhia apresentou o produto a uma instituição financeira.

Entusiasta da solução, Lamouche explica que ela também se aplica a usos governamentais, principalmente, para quando se quer ter certeza da identidade da pessoa que está usando o cartão, como, por exemplo, para pegar benefícios sociais.  Para ele, a biometria é a principal tecnologia para aumentar a segurança e as próximas barreiras a serem vencidas é como fazer o reconhecimento sem contato físico, como no caso do facial ou pela íris, e expandir a acreditação digital.

Com relação a blockchain, Lamouche mostrou-se receoso. “Ninguém sabe quem controla a cadeia. São vários nós e alguém que invista em capacidade e tenha um nó com muito poder pode ter mais controle”, explicou. “É o mesmo exemplo da Wikipedia, que disse que as pessoas poderiam controlar o que tivesse de errado. Mas hoje há muita informação falsa lá. Por exemplo, meu perfil tem duas datas de aniversário”, ressaltou.


Com cerca de € 3 bilhões em receitas e 14 mil funcionários globalmente, a OT-Morpho é o resultado da fusão entre a OT (Oberthur Technologies) e a Safran Identidade e ​Segurança (Morpho), concluída em 31 de maio de 2017.  Ao comentar a fusão, Lamouche ressaltou que estão trabalhando para finalizá-la o mais rápido possível. Temporariamente designada pelo nome de “OT- Morpho”, a nova empresa vai apresentar sua nova marca em 28 de setembro.

O CEO diz que está trabalhando para que a fusão seja tão intrínseca que os funcionários, daqui a dois anos, não se refiram de qual empresa são oriundos. A América Latina responde por aproximadamente 15% da força de trabalho e 10% do faturamento global, sendo o Brasil metade da região. Lamouche aposta na recuperação do País e diz que os bancos estão começando a retomar os investimentos, depois de três anos bastante difíceis.

A multinacional francesa opera em 170 países e tem uma carteira de clientes que inclui mais de duas mil instituições financeiras e mais de 500 operadoras móveis. A OT-Morpho produz cerca de 1,2 bilhão de SIMcards e 700 milhões de cartões bancários por ano e emite cerca de 3 bilhões de documentos de identificação anualmente, além de fornecer a plataforma de identificação para instituições governamentais como a Casa Branca, nos Estados Unidos, entre outros. Somente em 2015, a OT-Morpho investiu aproximadamente 200 milhões de euros em pesquisa e desenvolvimento.

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