TSE culpa Inteligência Artificial por demora na totalização de votos
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luis Roberto Barroso, creditou o atraso na totalização dos votos para prefeitos e vereadores a falha na inteligência artificial associada à solução em nuvem da Oracle utilizada pela Justiça Eleitoral para centralizar no datacenter do TSE o que até então era feito separadamente por cada tribunal regional eleitoral.
“O TSE contratou os serviços da Oracle, que forneceu um supercomputador para o desempenho de uma tarefa nova, que era a totalização centralizada. A demora na chegada do equipamento, ocasionada em boa medida pela pandemia – foi adquirido em março, mas só pode ser entregue em agosto – impediu que nele se realizassem todos os testes prévios, com reprodução do exato ambiente das eleições. Daí a origem do problema ocorrido”, afirmou Barroso durante entrevista coletiva nesta segunda, 16/11.
O que Barroso não esclareceu ao “traduzir” o que ouviu da TI é que se trata de um contrato para uso de uma nuvem privada da Oracle, mas hospedada dentro do datacenter do TSE, opção adotada para evitar problemas com armazenamento de dados dos eleitores brasieliros fora do território nacional, visto que também abrange o armazenamento das coletas biométricas dos eleitores.
“Em razão das limitações nos testes prévios, no dia da eleição a inteligência artificial do equipamento demorou a realizar o aprendizado para processar os dados no volume e velocidades com que chegavam, daí sua lentidão e travamento, que exigiu que a totalização fosse interrompida e reiniciada. A detecção e solução do problema gerou o atraso de aproximadamente duas horas”, completou o presidente do TSE.
Ainda segundo Barroso, “parte da demora, parte desse atraso, se deveu ao fato de que inicialmente se imaginou que a causa do problema estava relacionada a falha em um dos oito núcleos de processadores do supercomputador. A falha efetivamente ocorreu, mas a avaliação posterior não a associou diretamente aos problemas encontrados na totalização”.
O TSE identificou diferentes problemas na véspera, dia das eleições municipais. Um “massivo” ataque de negação de serviço; a divulgação de informações de funcionários e ex-ministros do Tribunal, mas que teriam sido obtidas anteriormente; e finalmente a falha no novo sistema centralizado de totalização dos votos. Além disso, falhou o aplicativo e-Título diante da alta demanda dos eleitores para votar ou justificar o voto, mas o TSE ainda não sabe o motivo.
O presidente do Tribunal reforçou, porém, que nada disso impactou no resultado das urnas. “Apesar da chateação que tivemos no dia de ontem, conseguimos divulgar o resultado final das eleições no mesmo dia em que elas se realizaram. A sociedade se acostumou com divulgação quatro ou cinco horas depois e demorou um pouco mais. Mas imaginar que um atraso de duas horas e meia na divulgação possa impactar o resultado é não lidar com a realidade.”
Segundo Barroso, por entender que a falha está diretamente ligada às condições adversas da pandemia de Covid-19, trata-se de caso de força maior e, portanto, que não enseja a busca de reparações no contrato de R$ 26,24 milhões firmado com a Oracle em março, por inexigibilidade de licitação, e válido por 48 meses. Como já foi identificada a falha que causou o atraso, a ideia é repará-la para o segundo turno. “Vamos ver se a Oracle tem uma solução tecnológica para o problema. Se não tiver, nós temos uma outra solução e vamos materializá-la.”