Telecom

Abinee: 5G foi uma decepção em 2022, mas indústria espera crescer com as redes privadas

Em que pese o interesse ainda tímido nas redes privadas 5G, a indústria de eletroeletrônicos aposta que é por aí que virão os principais investimentos na nova geração tecnológica das telecomunicações. Como mostram números divulgados pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica Eletrônica (Abinee) nesta quinta, 8/12, a indústria de eletrônicos tropeçou em 2022. E os sinais não são significativamente melhores para 2023: a alta de 5% no faturamento deve ser totalmente anulada pela inflação.

O diretor de telecom da associação da indústria elétrica e eletrônica, Paulo Castelo Branco, sustenta que a implantação das redes 5G em todas as capitais do país já foi um passo importante. Mas reconhece que a nova onda tecnológica terá mais impacto nos setores produtivos do que no mercado consumidor. Daí uma certa frustração com o ritmo de adesão às redes privadas de 5G. 

“Tínhamos uma expectativa, que realmente não aconteceu, de que o 5G pudesse se espraiar para licenças privadas. É por aí que pode ter um desempenho bastante significativo. As vantagens do 5G para o uso particular não são as mais fortes. Aumenta a velocidade, claro. Mas não muda o serviço. É nas aplicações para empresas, para smart cities, para a indústria que o 5G tem mais eficiência. E a aplicação de redes privadas é o que pode fazer uma grande diferença nos investimentos”, avalia o diretor da Abinee. 

O diretor setorial de telecom, Wilson Cardoso, da Nokia, aponta para sinais otimistas deste fim de 2022, com um aumento de pedidos de redes privadas junto à Anatel. E lembra que o setor de telecomunicações, para além dos investimentos inerentes a uma nova onda tecnológica, precisam responder ao crescimento constante do tráfego digital. 

“As obrigações do edital do 5G vão até 2029 e já temos demanda das operadoras para estender a cobertura para fora das capitais já em 2023 e 2024. E também não podemos esquecer que o tráfego continua crescendo, o uso de aplicações continua crescendo. Então esperamos que esse aumento de tráfego também traga novos investimentos em redes”, diz Cardoso. 


Segundo ele, as primeiras experiências de redes privadas industriais estão saindo do papel em um movimento que já começa a aumentar. “A demanda de licenças de redes privadas na Anatel cresceu nos meses de novembro e dezembro e as primeiras redes começam a ser implementadas, como acontece com a Flex e a WEG. Isso será um fator determinante para o crescimento das redes de telecomunicações.”

A indústria eletroeletrônica como um todo encerrou 2022 com faturamento de R$ 220,4 bilhões, em si um crescimento nominal de 4% na comparação com 2021, mas que na prática significa queda de 2% quando descontada a inflação do mesmo período. E o desempenho variou bastante conforme o segmento. 

Áreas como Geração, Transmissão e Distribuição (GTD) de Energia Elétrica, Automação Industrial e Equipamentos Industriais cresceram, em termos reais (descontada a inflação), 13%, 12% e 10%, respectivamente. Já os segmentos de Informática, Dispositivos Móveis (celulares) e Utilidades Domésticas apresentaram queda de 6%, 2% e 11%, respectivamente. 

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