Telecom

Big techs: Teles têm dinheiro para bancar expansão de redes

Três novos estudos, patrocinados pela Aliança pela Internet Aberta, tentam convencer a Anatel a não intervir no mercado de internet para atender as grandes operadoras que atuam no país. 

Em números, a entidade que reúne big techs como Google, Meta, Amazon, Tik Tok e Netflix, mas também pequenos provedores da Abranet e Abrint, rejeita a necessidade de uma ‘taxa de rede’ ou mesmo medidas que driblem a neutralidade de rede para liberar negociações de “pedágios” entre teles e provedores de conteúdo. 

“Não há evidências de um problema regulatório que necessite desse tipo de intervenção. Estamos mostrando que não existe o problema colocado, de uma potencial explosão de demanda gerada por empresas que geram muito conteúdo e que telecom não daria conta. As evidências indicam que isso não está acontecendo”, afirma o economista Marcelo Guaranys. 

Ao lado do também economista José Guilherme Reis, Guaranys apresentou nesta terça, 28/5, projeções para o crescimento do tráfego de dados no Brasil ao longo da próxima década. A conclusão é de que não haverá nenhuma explosão. “A principal conclusão é que a taxa de crescimento vai caindo e a cada ano o crescimento é menor que o anterior”, aponta Reis. 

Com base na evolução de 2017 a 2023 do PIB, população entre 20 e 60 anos, uso de serviços online, planos acima de 34 Mbps e uso de redes 4G e 5G, o estudo aponta três cenários, base, arrojado e conservador, que mostram aumento significativo na demanda por dados, mas em ritmo candente: crescimentos médios anuais de 10,3%, 9% e 11,2%, partindo de 140 Exabytes em 2024, para entre 349 e 396 Exabytes em 2033. Hoje, cresce próximo a 20% ao ano.


Em um segundo estudo, os dois economistas avaliam o desempenho econômico das maiores operadoras de telecomunicações que atuam no Brasil, Vivo, Claro e TIM, e concluem que o retorno médio dos investimentos (ROIC) das três foi de 7,09% em 2023 – e de 6,56% nos últimos 10 anos. 

As projeções para os próximos 10 anos também são positivas: “o ROIC médio dessas operadoras tem clara perspectiva de crescimento mesmo nos cenários mais conservadores, chegando a 7,42% em 2033 se a receita líquida crescer 3% ao ano, 8,93% se a receita líquida crescer 5% ao ano, ou 11,74% se a receita líquida crescer 8% ao ano”.

Os estudos foram apresentados à Anatel em reunião na segunda, 27/5, e serão incluídos na tomada de subsídios 26, conduzida pela agência para avaliar se há espaço para mudanças regulatórias na relação entre provedores de conexão e provedores de conteúdo.

Para o diretor executivo da Aliança pela Internet Aberta, Alessandro Molon, os estudos descartam essa necessidade. “As premissas para uma taxa de rede são falsas. Não existe explosão de demanda e tem dinheiro para investir”, resume. 

Um terceiro estudo, conduzido por Reis, Guaranys e pelo professor Lisandro Granville, do Instituto de Informática da UFRGS e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Computação, sustenta que os provedores de conteúdo já compartilham dos investimentos em infraestrutura de redes. 

“Não é verdade que três grandes operadoras carregam o ecossistema de infraestrutura digital nas costas. Atores públicos e privados contribuem com pontos de troca de tráfego, CDNs, cabos submarinos, datacenters”, diz Molon. Segundo o estudo, apenas os últimos cabos submarinos da Google representam um potencial econômico de US$ 124 bilhões no país até 2027. 

Para Marcelo Guaranys, o conjunto de dados busca mostrar à Anatel que não há motivos para medidas regulatórias na relação entre provedores de conexão e de conteúdo. “As empresas de telecom não estão quebradas ou com dificuldades. E tudo está funcionando. As empresas estão investindo e o governo está completando onde precisa. Querer, todos querem ter taxas de retorno melhores. Outra coisa é pedir para o regulador criar um mecanismo para um lado ganhar em cima de outro.”

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