Brasil só fica atrás da Rússia em espionagem no celular
Com 5 mil vítimas, o Brasil só fica atrás da Rússia como o país com maior uso de software espião que monitora celulares. Em todo o planeta, foram cerca de 30 mil afetados ao longo do ano passado. 8,2 mil na Rússia, 4.969 no Brasil, três vezes mais que o terceiro nesse ranking, a Índia, com 1.807 vítimas.
Os dados estão em um relatório da empresa de segurança digital Kaspersky, chamado “O cenário do stalkerware em 2022”. O documento tem objetivo de ampliar o conhecimento sobre o número de pessoas no mundo que são afetadas por essa forma de perseguição digital.
Em 2022, os dados mostraram que 29.312 indivíduos ao redor do mundo foram vítimas de stalkerware, algo similar às 32.694 vítimas em 2021. Após uma tendência de redução nos anos anteriores a 2021, essa estabilidade relativa destaca a perseguição digital em escala global e sugere que ela não desaparecerá por conta própria.
Rússia, Brasil, Índia, Irã e Estados Unidos formam os países mais afetados pelo stalkerware. Na lista do top10, ainda aparecem Turquia, Alemanha, Arábia Saudita, Iêmen e México. Se comparado a América Latina, além dos países que figuram na lista global, há também o Equador, Colômbia e Peru – sendo que o Brasil apresenta uma liderança com 10 vezes mais vítimas que o segundo colocado.
Stalkerware é um programa comercializado normalmente, porém ele permanece oculto no smartphone, permitindo que quem o instalou observe cada passo e ação da vida privada da vítima, sem o conhecimento dela. Como é necessário ter acesso físico ao dispositivo (além da senha de desbloqueio), na maioria das vezes o stalkerware é usado em relacionamentos abusivos.
Embora os dados coletados pela Kaspersky sejam anonimizados, outras pesquisas mostram que mulheres são as principais vítimas dessa forma de violência digital. É importante lembrar que a violência digital é apenas uma forma diferente da violência em si, que precisa ser encarada como algo contínuo e tem efeitos reais e negativos sobre as vítimas.
