Claro: Concorrência esculhambada estraçalha o setor de telecom
“Com três empresas nacionais fica difícil remunerar o capital”, diz o CEO José Félix
A super competição na banda larga fixa no Brasil trouxe ganhos, mas também problemas para o mercado de telecomunicações. E a ideia de repetir o feito no mercado de banda larga móvel será um desastre para o setor.
A avaliação é do presidente do grupo Claro no Brasil, José Félix, que abriu o Painel Telebrasil 2024 nesta terça, 5/11, com um panorama crítico sobre qual o ponto ideal para a concorrência.
“Dependendo do nível de concorrência, você estraçalha o setor. Em um primeiro momento fica satisfeito, mas não enxerga que um setor que precisa de renovação constante do parque tecnológico acaba perdendo essa capacidade”, afirmou Félix.
Para o executivo, “a proliferação de provedores gerou distorções, gerou problemas. Um bom exemplo disso é o que acontece nos postes. Outro é a não garantia de continuidade de serviços como vimos no Rio Grande do Sul, pela falta de capacidade financeira”.
Daí, emendou, a preocupação de que a atuação da Anatel conduza o mercado para uma proliferação de operadoras móveis. “Quando ouço alguém defender fazer na móvel o que foi feito na fixa, me arrepio. Estão querendo desorganizar um setor que precisa de muito capital. E o capital tem que ser remunerado”, disse o presidente da Claro.
“Existe um ponto de equilíbrio. No Brasil, já vimos que três empresas nacionais, funciona. Ou tem chance de funcionar. Duas seriam melhor, talvez. Mas temos três. E se tem competição entre elas, mesmo sendo três, fica difícil remunerar o capital. Quatro empresas ou cinco, quebram. É a realidade, aconteceu. Esse equilíbrio, essa sensatez é que o agente público precisa ter, essa visão de país, de negócios. Ter uma visão de que as empresas que queiram correr risco e investir possam investir. E não um ambiente degradado.”