Câmbio, financiamento e briga com teles tiraram R$ 17,2 bilhões do plano da Oi
Ainda que entenda bem sucedidas as metas de primeira recuperação judicial, o presidente da Oi, Rodrigo Abreu, reconheceu que alguns imprevistos impediram um corte maior do endividamento. Câmbio, atrasos para receber pelos ativos vendidos e uma arbitragem com Vivo, TIM e Claro somam R$ 17,2 bilhões. A empresa começou o primeiro processo, em 2016, com dívidas de R$ 65 bilhões. Ao entrar na segunda recuperação judicial, as dívidas estão em R$ 44 bilhões, sendo a maior parte delas objeto de uma profunda renegociação.
Abreu aproveitou a apresentação dos resultados do quarto trimestre de 2022, nesta terça, 23/5, para responder questionamentos dos minoritários. E destacou uma série de fatores inesperados, a maioria deles ao longo do ano passado e começo deste 2023.
“Há questões externas e não controláveis. A deterioração do ambiente macroeconômico, com dois anos de pandemia global, redução do poder de consumo da economia brasileira, aumento de inadimplência, volatilidade no cambio e na taxa de juros. Vale lembrar que só o impacto do câmbio sobre a dívida original é da ordem de R$ 10 bilhões. E na execução do plano em si tivemos algumas complexidades, alguns atrasos de aprovações das operações de M&A, esperadas para 2021, mas só foram cumpridas no meio de 2022”, disse o presidente da Oi.
“Existiram algumas frustrações de atingimento de metas de crescimento, em função de um ambiente competitivo mais intenso e menor capacidade de consumo em 2022. E existiu também uma impossibilidade de refinanciamento de uma parcela muito significativa da dívida com vencimento em 2026, prevista para ser refinanciada mas em função do fechamento do mercado de crédito teve que ser integralmente quitada com a venda da UPI ativos móveis. Só isso representou uma saída de caixa não prevista no plano de 2020 de mais de R$ 4 bilhões”, detalhou Abreu.
Além disso, lembrou, “ocorreram impactos adicionais de caixa, imediato ou previsto: a frustração do recebimento de R$ 1,5 bilhão do valor retido da venda da UPI ativos móveis, valor que está em discussão arbitral com o trio de compradoras, e obviamente no planejamento da companhia esse valor estava presente; existiu atraso e restrições regulatórias ao uso de caixa pela venda de torres para a Highline, acabou representando impacto de entrada de caixa de R$ 980 milhões. E também existiu um atraso no M&A relativo aos ativos de DTH, de televisão por satélite, que impactaram no caixa de médio prazo para 2022-2024”, completou – a venda do DTH para a Sky é negócio de R$ 786 milhões.
Rodrigo Abreu sustentou que, ainda que o endividamento permaneça alto, ele representa metade do tamanho inicial. “Houve uma relevante redução da dívida, que atualizada seria muito maior que atual, superior a R$ 90 bilhões. Fizmos o pagamento de todas as dívidas extraconcursais e de 100% do financiamento com o BNDES, R$ 4,7 bilhões.”