Telecom

Compartilhamento de postes: teles e elétricas têm de ter boa vontade

Provedores de internet torcem uma nova regra sobre uso de postes do setor elétrico por empresas de telecomunicações traga a efetividade ainda não vista para a ‘limpeza’ dessa infraestrutura desejada por todos. Mas como alerta o presidente da Abrint, Basílio Perez, o esforço passa pela remoção da rede legada sem uso e, especialmente, pela boa vontade de negociar.

“Esse assunto só vai se resolver na negociação. Não com imposição. Mas as pessoas têm que ter boa vontade para negociar. E criatividade para compartilhar os pontos. As operadoras também precisam tirar os cabos de cobre dos postes. Têm muitos deles que não estão mais em uso, é legado. Na hora que começar a limpar o legado vai melhorar. Mas vai ter custo. Então é natural que uma empresa que fez uma rede nova deixou os velhos lá porque para tirar vai custar”, afirma Perez.

Anatel e Aneel abriram uma tomada de subsídios para revisar a resolução conjunta de 2014, que estabeleceu um preço de referência para os pontos de fixação e previu metas de ‘limpeza’ dos postes – 2,1 mil postes por distribuidora de energia, por ano. Na prática, não houve ação efetiva para reorganizar os postes. O único esforço veio da Eletropaulo, somente agora em 2018, depois de negociação que envolveu somente Vivo, Claro, Tim e Oi, mas não os provedores.

As duas agências entenderam que a resolução de 2014 não trouxe a efetividade pretendida e articulam uma nova, que deve mexer no preço e no prazo de ajuste dos postes. “É salutar que haja propostas de modificação, porque a bem da verdade não aconteceu nada nesse tempo todo. Minha previsão era que teríamos milhares de solicitações de resolução de conflito. Mas isso não aconteceu por receio de represálias. A própria Brisanet falou que está discutindo com as empresas [de energia] mas não foi para a resolução de conflitos para não ter projetos negados. E é a maior empresa entre os provedores”, diz Basílio Perez.

Desde 2015, foram 436 pedidos de mediação, sendo 9 em cada 10 deles relacionados aos preços cobrados. Só neste 2018 foram 182 pedidos – até setembro – o que desperta a preocupação com o tratamento que será dado a esses casos quando da edição de uma nova resolução conjunta pelas agências reguladoras.  Assista a entrevista com o presidente da Abrint, Basílio Perez, feita no Futurecom 2018, realizada de 15 a 18 de outubro, em São Paulo.


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