Crise da Oi: Relatório aponta risco de colapso financeiro e desenha quadro crítico de continuidade
Receita bruta caiu de R$ 845 milhões em maio de 2024 para R$ 156 milhões em junho de 2025.

O mais recente relatório mensal da recuperação judicial da Oi, apresentado à 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro em 10 de outubro, traça um quadro crítico sobre a situação da companhia. Segundo a análise da administração judicial — composta pela Wald Administração de Falências, K2 Consultoria e Preserva-Ação —, a operadora enfrenta grave crise de liquidez e incerteza sobre sua continuidade operacional, mesmo após a homologação do plano de reestruturação aprovado em 2024.
O documento, que corresponde ao 29º relatório mensal de atividades das empresas do grupo em recuperação, revela que a Oi fechou setembro com apenas R$ 34 milhões em caixa, valor considerado insuficiente para cobrir as despesas operacionais e obrigações extraconcursais. As projeções indicam um déficit de R$ 178 milhões já em outubro, o que, segundo os administradores, compromete a capacidade de sustentação das operações.
Diante do agravamento da crise, a Justiça determinou, em 30 de setembro, o afastamento da diretoria da companhia e a suspensão temporária das obrigações extraconcursais, nomeando gestores judiciais para conduzir a empresa. O pedido da Oi para suspender os efeitos da decisão foi negado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, mantendo a intervenção em vigor até o julgamento do mérito.
No exterior, o Tribunal de Falências de Nova York, responsável pelo reconhecimento da recuperação judicial brasileira nos Estados Unidos sob o Chapter 15, também rejeitou o pedido da Oi para encerrar o processo norte-americano, o que mantém a supervisão judicial internacional sobre o caso.
Mesmo com a conclusão de importantes alienações de ativos — como a venda da UPI ClientCo para a V.tal, finalizada em maio, e a transferência da UPI de TV por assinatura à Mileto Tecnologia em fevereiro —, o relatório indica que os recursos obtidos não foram suficientes para reverter a deterioração financeira. A receita bruta do grupo despencou de R$ 845 milhões em maio de 2024 para apenas R$ 156 milhões em junho de 2025, e os investimentos (Capex) caíram para cerca de R$ 7 milhões mensais, comprometendo a manutenção da infraestrutura de serviços.
A administração judicial afirma que a sobrevivência da companhia depende de novas decisões judiciais e eventuais aportes de capital, seja por meio de financiamento ou renegociação de dívidas. O relatório destaca ainda que, dada a relevância estratégica da Oi para o setor de telecomunicações e para a conectividade em regiões remotas, a aplicação do artigo 61, §1º, da Lei de Recuperação Judicial — que permite prorrogação excepcional do período de supervisão — pode ser decisiva para evitar o colapso.