Félix, Claro: Telecom precisa de uma fase de limpeza
"Ter até 50 operadores em uma cidade usando recurso escasso dos postes é um indicador de que algo vai mal”, diz o presidente da Claro, José Félix.

O presidente da Claro, José Félix, defendeu que o setor de telecomunicações no Brasil precisa passar por uma fase de “organização e limpeza” após o ciclo de massificação da banda larga. Em entrevista à CDTV, do portal Convergência Digital, durante o Painel Telebrasil Summit 2025, ele avaliou que o objetivo de universalizar o acesso à internet foi alcançado, mas que a falta de regras mais rígidas criou distorções e riscos para a sustentabilidade do mercado.
“É tarde demais para discutir se havia uma forma melhor de chegar até aqui. O que temos que fazer agora é organizar esse mercado, que ficou desorganizado. Precisamos de mais fiscalização e de exigências maiores para quem entra em telecom, porque um problema em uma rede pequena pode gerar vulnerabilidades sérias de cibersegurança e até riscos físicos”, afirmou.
Félix citou como exemplo a proliferação de pequenos provedores em municípios brasileiros. “Ver 30, 40 ou até 50 operadores em uma única cidade, todos usando o recurso escasso dos postes, é no mínimo estranho. Isso é um indicador de que algo vai mal”, disse. Para ele, é necessário rever acertos e erros e corrigir distorções enquanto há tempo.
O executivo destacou ainda que a complexidade geográfica do país impõe soluções tecnológicas diferentes em cada região. “Não adianta querer lançar fibra no meio da selva. É preciso usar outros recursos. Temos que ser realistas para fazer as coisas bem feitas em telecom, um setor essencial e que viabiliza muitos outros setores”, afirmou.
Ele lembrou que a natureza do setor exige investimentos contínuos e capacidade financeira robusta para acompanhar a rápida evolução tecnológica. “Quando você pensa que vai respirar ou pagar a dívida, já surge uma nova tecnologia, uma nova substituição. O desafio é ainda maior para empresas que não têm suporte financeiro adequado. Muitas acreditam que o dever acabou ao cumprir o básico, mas não percebem o turbilhão de novidades que exigirá uma nova onda de investimento”, completou.