Governo silencia e Anatel avança com metas de 4G no PGMU
Diante do silêncio do governo, a Anatel aprovou nesta quarta, 30/4, uma matéria sobre a qual tem posição manifestamente contrárias: a adoção de metas de 4G nas obrigações de universalização imputadas às concessionárias de telefonia fixa. Apesar das restrições, o tema foi incorporado ao novo regulamento de acompanhamento do Plano Geral de Metas de Universalização, o PGMU 4.
A medida foi imposta pelo Decreto 9.619/18, editado no apagar das luzes da gestão de Michel Temer. No governo de Jair Bolsonaro, no entanto, o Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações até sinalizou desconforto com o assunto, especialmente a partir da judicialização do tema – a Telefônica entrou com ação no STF que questiona a mistura entre regime público e privado.
Na prática, o assunto veio sendo empurrado com a barriga. O Conselho Diretor da Anatel chegou a fazer várias declarações públicas sobre os problemas do PGMU 4, especialmente pela ausência de sustentação econômica para a ordem de implantação de 4G em 1,4 mil localidades, além da encrenca jurídica de incluir obrigações do regime privado na concessão em regime público.
Como mesmo a partir das provocações o governo não se moveu, no fim de 2019, a Anatel formalizou um pedido de esclarecimentos ao MCTIC alinhando os problemas trazidos pelo Decreto 9.619/18. Mas o documento não recebeu resposta do Ministério e mais de quatro meses depois a agência entendeu que não poderia mais segurar a ordem – afinal, em forma de Decreto presidencial – e aprovou o novo regulamento de obrigações de universalização mantendo a polêmica instalação de 4G.