Telecom

Nextel mira a classe C para viabilizar operação no Brasil

Com um olho no reencontro com o lucro e outro na potencial consolidação do mercado brasileiro de telecomunicações, a quinta operadora móvel do país acaba de encerrar uma fase e tenta se reposicionar. Depois de desligar os últimos serviços via rádio iDEN há duas semanas, a Nextel aposta em ofertas de 3G e 4G que cabem no bolso da classe C como caminho de diferenciação.

“Definimos quem é o nosso cliente. Por mais que a Nextel seja uma operadora de 3G e 4G, ainda carrega atributos do iDEN, que por mais que tenha penetrado classe A e B, era um produto especialmente para classe C. Então resolvemos atuar mais em nicho e abraçar esse pedaço gigante da população, a classe C, que gosta da gente. Paramos de atirar para todos os lados”, afirma o presidente da empresa, Roberto Rittes.

O foco, assim, passa por planos simples, sempre com voz ilimitada, que começam em R$ 49 e já representam um terço da base, totalmente pós paga em 3G e 4G. Para Rittes, a proliferação de planos é um erro das concorrentes, mais ainda para o nicho desejado. E a dinâmica das chamadas sem limite e planos de dados tende a derrubá-los para um patamar menor de preços.

“Se a classe alta era quem tinha dinheiro para ficar batendo papo, hoje é a classe C que passa duas horas no ônibus e no metrô consumindo dados. E sem necessidade de roaming internacional, as ofertas vão convergir para ficar entre R$ 50 e R$ 100″, diz.

O novo posicionamento tem objetivo claro de garantir a sustentabilidade da empresa no Brasil, estremecida por sucessivos prejuízos e mais recentemente pelos ajustes financeiros decorrentes das mudanças no controle da holding. De um lado, o grupo ganhou espaço com renegociações de dívidas, mas a capacidade financeira ainda sofre.


“No último anúncio a posição de caixa era de US$ 300 milhões e eles dariam fôlego até o final do ano que vem. Mas parte, US$ 110 milhões, é relativa a venda no México para a AT&T. Tínhamos uma expectativa de recuperar boa parcela disso no curto prazo, mas no resultado do primeiro trimestre indicamos que estávamos mais pessimistas sobre o timing. O que falamos em abril continua sendo verdade, mas há um ciclo positivo de melhora operacional e a renegociação da dívida coloca a gente em posição mais favorável para captar recursos e não corrermos o risco de acabar a gasolina”, diz o executivo.

Enquanto isso, o projeto é consolidar a Nextel como rentável e atraente. A operação segue concentrada nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, principalmente nas capitais. E um acordo pouco favorável com a Vivo ainda atrapalha sonhos de atuação verdadeiramente nacional. Para Rittes, o negócio tem que caminhar por si mesmo que a Anatel avance no plano de ampliar o espectro que cada operadora pode deter, o que tende a reduzir o mercado.

“A Anatel está concluindo uma discussão sobre limite de espectro. E foi transparente sobre a intenção de consolidar em três operadoras. Temos um compromisso em tornar esse business viável stand alone no curto prazo. Mas claro que também tenho compromisso com acionistas. Temos que monitorar as consequências da potencial mudança na legislação e ver o melhor valor . Mesmo que tenha ambição de fazer uma venda lá na frente, ela só vai ter um valor atraente para os acionistas se tiver um bom business. Então nosso foco é ralar diariamente para ser uma empresa que se diferencia e tem performance e eficiência.”

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