Oi inclui venda da V.tal e dos clientes residenciais em novo plano
A Oi apresentou ao mercado o novo plano de recuperação para enfrentar dívidas que, conforme os documentos encaminhados à Justiça, está em R$ 43,7 bilhões mesmo após a venda dos mais importantes ativos da operadora. O plano implica em um aporte emergencial de credores, na forma de financiamento, de US$ 275 milhões (R$ 1,4 bilhão), a possibilidade de injeção de até R$ 4 bilhões em dinheiro novo e ainda a venda do que ainda detém de participação na V.tal e a carteira de clientes residenciais segredada na Client Co.
Aos credores que aportarem dinheiro novo, a Oi promete pagar com ele o empréstimo emergencial, além de permitir a conversão em ações da dívida em valor de face até o montante de R$ 10,75 bilhões de “dívida garantida Roll-Up” – com pagamentos em 4,5 anos. Se não houver dinheiro novo, a proposta é de conversão de 30% do valor de face, com pagamento em 10 anos.
Em fato relevante nesta sexta, 3/3, a Oi informou que há avanços em tratativas com pelo menos parte dos credores, o que inclui esse empréstimo emergencial “para atender às necessidades da Companhia de financiamento de curto prazo, antes que o financiamento de longo prazo previsto no acordo possa ser acessado pela Companhia”.
Entre os credores que já indicaram apoio está a V.tal, a empresa criada com a segregação da rede de fibras óticas da Oi. A Oi já vendeu 57,9% da V.tal, por R$ 12 bilhões, ao banco BTG e o novo plano considera a venda total ou parcial da participação restante. De qualquer forma, a V.tal propôs à Oi um acordo que envolve redução de pagamentos devidos pela tele em recuperação judicial, em troca de alguns compromissos.
“Dado o nível de apoio à Proposta de Reestruturação recebido até o momento, a Companhia está bastante confiante que apresentará um Plano de Recuperação Judicial viável para implementar a Proposta de Reestruturação de maneira satisfatória a todos os stakeholders no curto prazo”, diz a Oi em comunicado ao mercado.
A V.tal é listada entre os principais ativos que ainda restam à Oi, ao lado da ‘Client Co’, unidade criada pela empresa na primeira recuperação judicial onde ficam os clientes residenciais. Segundo o plano da Oi, em caso de venda parcial ou total das ações da V.tal, 100% dos recursos líquidos da venda serão utilizados para amortizar o Dinheiro Novo – que a empresa estima em montante de até R$ 4 bilhões. Em vaso de venda particial ou total da Client Co, 100% dos recursos líquidos vão amortizar o dinheiro novo. Se for suficiente para amortizar, 60% do restante vai para abater a dívida ‘Roll-Up’.
Fora isso, há outros ativos, como imóveis. O plano prevê que nas vendas de ativos de até R$ 200 milhões, 100% dos recursos ficarão à disposição da empresa. A venda daqueles com valor superior a isso e até R$ 400 milhões, metade dos recursos líquidos da venda serão utilizados para amortizar o Dinheiro Novo e/ou a Dívida ‘Roll-Up’. Vendas de ativos acima de R$ 400 milhões vão totalmente para amortização.
V.tal
Conforme divulgado pela Oi nesta sexta, 3/3, “a companhia recebeu da V.tal, na data de ontem, uma proposta firme de apoio ao plano, no que diz respeito aos seus créditos relacionados ao Acordo de Cessão de Direito de Uso de longo prazo ‘Take-or-Pay’ detidos originalmente pela Globenet contra a Companhia. Esta proposta de apoio ao plano indica o compromisso da V.tal em aderir a uma proposta de Plano de Recuperação Judicial, concedendo à Companhia um desconto de 50% em todas as obrigações futuras de 2025 a 2028 previstas no LTLA, desde que determinadas condições sejam atendidas”.
Dentre essas condições, o pagamento de 44% desses créditos remanescentes pós-desconto deverá ser efetuado por meio de dação em pagamento, mediante um acordo para o recebimento de um valor mínimo de infraestrutura de cabos de rede desativada, juntamente com a assunção da responsabilidade por todos os custos de extração e monetização da infraestrutura que a empresa venderia como sucata, explica a operadora.