Uso excessivo de apps é contagioso; impacta notas e afeta até salários
Estudo da China e EUA aponta desempenho pior até pelo uso dos colegas
Um estudo realizado por pesquisadores da China e dos Estados Unidos revelou o impacto significativo do uso de aplicativos móveis no desempenho acadêmico e no mercado de trabalho entre estudantes universitários. A pesquisa “O impacto do uso de aplicativos móveis nos resultados acadêmicos e do mercado de trabalho“, que analisou dados de estudantes de uma universidade chinesa, descobriu que o uso excessivo de aplicativos, especialmente jogos, é prejudicial tanto para as notas quanto para os salários iniciais após a graduação.
Os autores observaram que o uso de aplicativos é “contagioso”, com o comportamento dos colegas de quarto influenciando diretamente o tempo de uso dos aplicativos de cada estudante. Um aumento de 4,4% no uso de aplicativos foi observado quando os colegas também usavam seus dispositivos com frequência. Esse comportamento teve impacto negativo nas notas: o estudo mostrou que um aumento no uso de aplicativos resultou em uma queda de 36,2% nas notas dos estudantes.
O ambiente de repouso também faz diferença. O estudo verificou que se colegas de quarto de um estudante passavam mais tempo no celular, também houve redução de 20% na média das notas.
Além disso, o impacto negativo do uso de aplicativos não se limitou à vida acadêmica. Estudantes que passaram mais tempo em aplicativos móveis, especialmente em jogos, também enfrentaram salários iniciais mais baixos após a formatura. O estudo estimou que um aumento no uso de aplicativos reduziu os salários em até 2,3%.
A pesquisa destacou ainda que, se políticas de restrição de tempo de jogo, como as implementadas para menores de idade na China, fossem aplicadas a estudantes universitários, isso poderia aumentar os salários iniciais em 0,7%. Essa medida permitiria aos estudantes dedicarem mais tempo aos estudos e menos às distrações digitais.
“Encontramos consequências negativas economicamente e estatisticamente significativas do uso de aplicativos, não apenas para indivíduos, mas também para seus pares”, conclui o estudo. “Além dos fortes efeitos indiretos (por meio de transbordamentos comportamentais), o uso dos pares tem efeitos negativos diretos consideráveis no desempenho acadêmico dos alunos.”
O documento aponta para o acúmulo de dados sobre dependência digital e lembra que outros estudos mostraram que o uso do Facebook pode impactar negativamente o bem-estar emocional, e que a desativação temporária de contas na rede social tem efeitos duradouros no bem-estar subjetivo. Outros descobriram que os alunos que usaram celulares durante as aulas fizeram anotações ruins e retiveram menos material de aula.
Uma das sugestões do estudo é de que a política de restrição de jogos para menores da China, se imposta a estudantes universitários, aumentaria sua acumulação de capital humano e aumentaria os salários em 0,7%, cerca de metade do prêmio salarial por um ano extra de experiência de trabalho em países em desenvolvimento.