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Anatel – e o mundo – avaliam como garantir competição no espaço com domínio da Starlink

"Se você chega primeiro com uma rede tão grande, vai dominar até chegar alguém melhor", afirma Agostinho Linhares

A sustentabilidade espacial é o mote do momento em discussões regulatórias que envolvem as telecomunicações, tanto em nível global como especificamente no Brasil.

Tanto lá, como cá, o debate é pressionado pelo crescimento das constelações de satélites de baixa órbita – e especialmente por uma delas, da Starlink, do bilionário Elon Munsk.

“A sustentabilidade espacial é muito importante e tem levantado várias questões internacionais, tanto no âmbito da União Internacional de Telecomunicações quanto no âmbito da UNOOSA, que é um outro órgão da ONU. O Brasil tem sido muito ativo nessas discussões. Se nos anos 1990 uma constelação muito grande era de 50 ou 60 satélites, hoje a gente está falando de milhares de satélites”, explica o diretor executivo da IPE Digital, Agostinho Linhares.

O assunto foi alvo de discussões durante o ICT LAC Summit, um evento organizado pela Anatel que reuniu reguladores de 15 países latino-americanos em Salvador, na Bahia, entre 3 e 5/12.

Linhares lembrou que, há 30 anos, chegou-se a imaginar que a constelação do que era então o Iridium, um sistema de telefonia celular global, seria dominante.


Hoje, a atenção é com a frota do bilionário Musk, que chegou primeiro e representa mais de 70% do tráfego de internet via satélite no mundo e no caso do Brasil, engoliu cerca de 55% desse mercado em dois anos.

“Essas grandes constelações incluem o risco de um excesso de luminosidade, devido à reflexão da luz do sol, atrapalhando a radioastronomia. Da mesma forma, existe uma preocupação em relação aos debris, partes de satélites, lixo espacial, e isso está gerando um novo mercado de empresas que coletam lixo espacial. Essa preocupação é constante, incluindo a preocupação quando o satélite entra e é queimado e se transforma”, disse Linhares.

Esses temas fazem parte de uma consulta pública da Anatel, que corre paralela ao pedido da Starlink de mais do que dobrar a frota no Brasil, atualmente de 4,4 mil, para adicionar outros 7,5 mil satélites.

“Se você chega primeiro com uma rede tão grande, você efetivamente estará dominando até chegar uma outra rede que ofereça condições mais interessantes para atrair novos clientes”, destacou o especialista. Assista a entrevista.

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