Bancos definem como escolher os dados mais relevantes para o negócio
Bradesco e Banco do Brasil sustentam que 'não dá para abraçar tudo' e que é preciso olhar para o valor agregado para dar ao cliente o que ele espera. Posição também defendida pela cientista de dados, Alessandra Montini. "O foco está no cliente, tem que encantar o cliente e aqui é que entra o big data".
Como escolher os dados que são mais relevantes para o negócio? A questão foi destaque no painel “Dados na tomada de decisão para criar produtos e serviços”, realizado no Ciab Febraban 2021. “De fato, a digitalização acelerada que estamos passando, com maior uso de canais digitais, internet das coisas, está fazendo exponencializar a quantidade de dados. A escolha do que é relevante não deve vir do desejo de armazenar todos os dados. A forma melhor é olhar para o valor agregado e a opcionalidade”, apontou André Duarte, diretor dos departamentos de gestão de dados e CRM do Bradesco.
Trata-se, segundo ele, de uma questão de mindset sustentada pelas tecnologias. “Arquitetura evolutiva, inteligência artificial e outros entram para potencializar a busca pelo valor agregado. Por exemplo, aqui no Bradesco temos a BIA e, se a gente fosse desenvolver novas features tentando abraçar tudo, não sairia nada. Temos processo para ver o que de fato é relevante para o cliente”, acrescentou.
Já para Rafael Leite Gregório, gerente-geral da unidade de inteligência analítica do Banco do Brasil, o dado que tem mais valor é aquele que particulariza a experiência do cliente. “Hoje temos muitos dados que entram e formam um grande banco de dados, mas o que gera valor é aquilo que particulariza a experiência, o que capta as nuances e as particularidades de quem consome os serviços e tem interação conosco”, explicou.
Assim defendeu Leite, tomar decisões baseadas em dados é a ponta do iceberg. “O conceito de data-driven que temos é a aplicação de camada de dados em todos os produtos, serviços e soluções para capturar as particularidades do cliente, extrair o que torna única a pessoa e isso eleva para construção de variáveis, de modelos, da proposta de valor de curto prazo e atinge objetivo de gerar valor para todos os clientes”, detalhou Leite.
Do ponto de vista do cientista de dados, Alessandra Montini, diretora do LabData da FIA, ressaltou que quanto mais dados são gerados melhor para o cientista, mas é preciso afunilar. “O foco está no cliente, tenho de encantar o cliente e para isso entra o big data. Tem muito dado e deve-se partir de pequenos problemas”, ponderou. Para começar, qualquer projeto deve iniciar pela LGPD, ou seja, estando em conformidade desde a captura e armazenamento do dado. “A quantidade de dados não é problema; estamos preparados. A dificuldade é como ser mais rápida que a concorrência”, resumiu.