
A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) apresentou ao governo federal e ao estado de São Paulo um conjunto de medidas emergenciais para mitigar os efeitos das tarifas de 50% que os Estados Unidos prometem aplicar sobre produtos industriais brasileiros a partir de 1º de agosto. As propostas, encaminhadas ao ministro Geraldo Alckmin (MDIC) e ao governador Tarcísio de Freitas (SP), buscam evitar uma crise nas exportações do setor, que atingiram US$ 1,1 bilhão no primeiro semestre deste ano – um crescimento de 23% em relação a 2024.
Diante da iminência do chamado “tarifaço” – uma vez que as negociações estão travadas pelo próprio Governo dos EUA – a Abinee sugere ao governo federal a adoção imediata de sete medidas estratégicas. A lista inclui o aumento temporário das alíquotas do Reintegra, programa de restituição de tributos para exportadores, além da suspensão de impostos sobre insumos utilizados na produção de bens destinados à exportação. A entidade também propõe a criação de linhas de crédito emergenciais através do BNDES e da Finep, bem como a desoneração temporária da folha de pagamento para empresas do setor.
Para o governo de São Paulo, a associação recomenda ações específicas focadas no ICMS. Entre elas destacam-se a aceleração dos processos de devolução de créditos acumulados às empresas exportadoras e a criação de regimes tributários especiais para amenizar o impacto das tarifas americanas. “Estas medidas são fundamentais para preservar nossa competitividade internacional, principalmente em setores estratégicos como infraestrutura energética”, explicou Humberto Barbato, presidente executivo da Abinee.
Os números revelam a urgência do problema: os Estados Unidos absorvem 29% de todas as exportações do setor eletroeletrônico brasileiro. Produtos como transformadores, dos quais 82% das vendas externas têm como destino o mercado americano, e motores e geradores, com 33% de participação, aparecem como os mais vulneráveis às novas tarifas. Setores como equipamentos para geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, onde as exportações representam 24% do faturamento, enfrentam riscos particularmente graves.
“Temos um cenário preocupante pela frente, com risco real de interrupção de embarques e perda de espaço nas cadeias globais de valor caso não haja uma resposta ágil”, alertou Barbato. As medidas propostas teriam caráter transitório, aplicando-se apenas durante o período de vigência das tarifas americanas.
O setor vinha em trajetória ascendente, com crescimento de 12% nas exportações totais no primeiro semestre de 2025, alcançando US$ 3,8 bilhões. O desempenho foi impulsionado principalmente pelo mercado americano, que agora se torna fonte de preocupação. Alguns segmentos industriais chegam a ter 21% de seu faturamento dependente das vendas externas, o que amplifica os potenciais danos da medida protecionista.
Dados do setor mostram que os transformadores lideram as exportações para os EUA, com US$ 346 milhões embarcados no período, representando 82% do total exportado desse produto. Motores e geradores aparecem em seguida, com US$ 108 milhões em vendas ao mercado americano, equivalentes a 33% do total do segmento.