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Anatel surpreende e libera mais de 7500 satélites para Starlink, mas impõe condições

Empresa deve garantir que não haverá interferência em outros satélites. Agência vai acelerar novas regras sobre órbita baixa

Cinco dias depois de pedir quatro meses para analisar o caso, o relator do pedido da Starlink para operar mais 7,5 mil satélites no Brasil, Alexandre Freire, apresentou nesta terça, 8/4, um voto que atende o pleito da empresa. E o Conselho Diretor já aprovou a proposta, em votação por email.

A agência, assim, permite a ampliação da frota e cobra R$ 102,6 mil pelo direito de exploração. Mas a anuência veio acompanhada de alguns condicionantes, notadamente no aspecto relacionado à potencial interferência com outros sistemas satelitais.

“Os sistemas de satélites não geoestacionários devem operar de forma a não provocar interferência inaceitável nas redes de satélites geoestacionários que estejam regularmente em funcionamento nos serviços fixos via satélite e de radiodifusão por satélite. Ademais, tais sistemas não poderão requerer proteção contra essas redes”, prevê a decisão da Anatel.

E mais, “diante dos efeitos decorrentes da intensificação da exploração comercial de satélites de órbita baixa, emite-se alerta regulatório com vistas a destacar a atualização em curso do marco normativo vigente, especialmente frente aos riscos identificados nos domínios concorrencial, da sustentabilidade espacial e da soberania digital”.

Nesse sentido, o Comitê de Infraestrutura de Telecomunicações (C-INT) e o Comitê de Espectro e Órbita (CEO) da Anatel deverão promover discussões técnicas e desenvolver estudos aprofundados para subsidiar uma Análise de Impacto Regulatório (AIR) sobre a questão do uso de recursos orbitais, considerando diretrizes internacionais e os princípios de sustentabilidade, eficiência no uso do espectro, segurança das redes, soberania nacional e promoção da concorrência.


A empresa do bilionário Elon Musk já tem autorização para operar 4,4 mil satélites no Brasil e lidera o mercado de internet via satélite com 345 mil clientes. A empresa pressionava a Anatel e alegava que estava recusando novos clientes e reduzindo a velocidade enquanto não podia operar os novos satélites.

A agência reguladora estabeleceu a obrigatoriedade de a Starlink apresentar relatórios periódicos com informações detalhadas sobre o sistema de satélites e manter atualizados os dados fornecidos à Anatel. O direito de exploração poderá ser modificado pela Anatel a qualquer momento, mediante justificativa, para garantir a coexistência harmoniosa com outros sistemas satelitais.

A Superintendência de Fiscalização da Anatel, em conjunto com a Superintendência de Outorga e Recursos à Prestação, ficará responsável por monitorar a operação da Starlink, verificando a ocorrência de eventuais interferências e subsidiando a análise de um possível pedido de prorrogação do direito de exploração, que atualmente tem validade até 28 de março de 2027.

A decisão também aprovou uma Lista de Prioridade de Operação dos satélites autorizados no Brasil, que será disponibilizada no site da agência. A Superintendência de Outorga e Recursos à Prestação deverá manter um painel de dados atualizado com essas informações.

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