Amy Webb: Brasil quer ser país do futuro, mas vive no passado
Da combinação de três ramos em franco desenvolvimento, biotecnologia, inteligência artificial e sensores, o planeta passa por um super ciclo tecnológico inédito que vai mudar completamente a forma como vivemos.
Esse é o cenário que a futurista Amy Webb acredita que conduzirá a todos a um mundo diferente, ainda que o ritmo seja distinto a depender da geografia, e que tem tanta chance de ser melhor do que pior do que hoje.
“Estamos no começo de um longo ciclo de mudanças, com altos e baixos, mas que vai nos carregar a todos. Somos a GenT, a geração da transição para uma sociedade que será drasticamente diferente”, afirmou ao participar nesta quinta, 27/6, da Febraban Tech 2024.
Diante de uma plateia de brasileiros, a futurista, CEO do Instituto Futuro Hoje e professora da Universidade de Nova York, nos EUA, sugeriu que há espaço para o Brasil se tornar um ator relevante. Mas afirmou que o país que há mais de 80 anos se considera ‘do futuro’, ainda vive com olhos para o passado.
“A primeira vez que o Brasil foi chamado do pais do futuro era 1941. Depois em 1984, em 2000, em 2016, e agora, em 2024, estamos ouvindo isso de novo. Mas vocês ainda estão vivendo no passado. As maiores companhias do Brasil ainda são empresas do século 20, mineração, petróleo, agricultura. São grandes indústrias, mas que estão em processo de disrupção”, disse.
Possível é, mas ao avaliar incontáveis dados para a 17ª edição de seu badalado relatório de tendências tecnológicas, com mais de 1 mil páginas na versão 2024, Webb usa informações relevantes como a produção de patentes e pesquisas, das quais o Brasil sequer aparece nos gráficos. A mensagem, porém, não é de desalento.
“O futuro pode ir qualquer direção, depende das decisões que tomamos hoje. O primeiro passo é criar uma cultura da curiosidade. Os líderes precisam permitir que as pessoas desafiem as crenças. Ou seja, convidar pessoas a pensarem um futuro diferente. Essas são as empresas prontas para o futuro. Estou exausta das pessoas ignorando o sul global como se isso não importasse. O sul global precisa ser parte dessa conversa, não somente como consumidor, mas produtor de tecnologia, e isso será melhor para todos.”