Brasil tem 51 fintechs de crédito, com mais de R$ 4,7 bilhões em operações
O número de instituições autorizadas pelo Banco Central para atuarem como fintechs de crédito cresceu desde 2019, chegando, em dezembro de 2020, ao total de 42 Sociedades de Crédito Direto (SCD) e 9 Sociedades de Empréstimo entre Pessoas (SEP). Os dados estão no Relatório de Economia Bancária 2020, divulgado pelo BC nesta segunda, 7/6.
Além disso, a quantidade de pedidos de autorização também é destacada pelo BC no mesmo documento: em 31 de dezembro de 2020, encontravam-se em análise 31 pleitos de SCDs e 2 de SEPs, o que indica interesse do mercado em atuar nesses segmentos.
De total do crédito gerado pelas SCDs, parte permanece em seus ativos (“carteira ativa”), outra parte é objeto de cessão a fundos de investimento, a companhias securitizadoras e a outras instituições financeiras. Em carteira ativa, a média mensal é de R$ 35,7 milhões em operações. Já a modalidade de cessão envolve R$ 4,5 bilhões em créditos.
Ao longo dos três primeiros trimestres de 2019, os créditos concedidos pelas SCDs estavam quase totalmente direcionados para as pessoas físicas (90%). No entanto, a partir do final de 2019 e ao longo de todo o ano de 2020, novas instituições passaram a atuar com grandes volumes na concessão de crédito voltado a pessoas jurídicas, provocando uma mudança profunda no perfil de clientes – com as PJs passando a responder por 72,5% dos créditos.
O detalhamento da composição da carteira concedida no último trimestre de 2020 mostra uma maior participação de grandes e pequenas empresas buscando crédito nas SCDs, respondendo por 32,6% dos recursos liberados. Quanto às pessoas físicas, a maior participação fica por conta daquelas com rendimentos informados entre três e dez salários mínimos, que foram responsáveis por 14,6% dos créditos concedidos pelas SCDs no período.
As operações de até R$ 50 mil que representavam 96,9% do total em 2019, caíram para 85,9%, enquanto as de até R$ 500 mil passaram de 3% para 8,4%. Já créditos de até R$ 2 milhões, inexistentes dois anos antes, passaram a responder por 4,5% das operações, e aquelas acima desse valor, 1,1% do total.
Em relação à composição do valor total da carteira ativa das SCDs em termos de modalidades de operações, observa-se aumento nos percentuais apresentados pelo capital de giro com prazo de vencimento superior a 365 dias (de 14,4% para 29,3% do total), ao contrário do capital de giro com prazo de vencimento até 365 dias, o qual reduziu significativamente sua participação, em movimento iniciado antes mesmo da pandemia (de 83% para 37,2%). Crédito pessoal cresceu de 0,7% no final de 2019 para 13,1% em dezembro de 2020.
Já os créditos originados pelas SEPs totalizaram R$ 247,9 milhões no período de setembro de 2019 a dezembro de 2020, com uma média mensal de R$15,5 milhões. A maior parte das operações (72,3%) são de R$ 50 mil a R$ 500 mil. E predominam créditos para capital de giro com vencimento superior a 365 dias (79% do total). Crédito pessoal representa 3,4%.
As pequenas empresas foram responsáveis por 36,7% dos recursos liberados pelas SEPs no período, enquanto as microempresas, 25,2%. Quanto às pessoas físicas, aquelas com rendimentos acima de 20 salários mínimos tiveram a maior parcela de recursos tomados nesse tipo de instituição (1,3%).