Governo e empresas estão atordoados, mas Brasil precisa correr com a transformação digital
O digital chegou, mas governo e empresas ainda estão atordoados. O tempo, porém, é escasso. Mesmo os concorrentes do Brasil em commodities abraçam a transformação digital. E por aqui temos a tarefa adicional de incluir milhões nas habilidades digitais.
As reflexões do professor Francisco Gaetani, da Escola de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas (Ebape/FGV), são um alerta para o esforço que o Brasil como um todo precisa fazer. Não se trata de um órgão puxar a transformação digital do governo, ou mesmo os setores de TICs. O digital está em tudo.
“Estamos com desemprego entre 14 e 15 milhões de pessoas. E ironicamente temos escassez de mão de obra. A necessidade é por uma força de trabalho digital, mais do que graduado em A, B ou C. O mercado precisa de gente, tem desemprego, mas esses desempregados não se consegue convertê-los para as áreas demandadas. São desafios que o país vai ter que enfrentar”, afirma.
Para Gaetani, o esforço é geral porque implica o futuro do próprio país. “Tem uma turma que ainda é recuperável. Mas sem requalificar a mão de obra, vamos enfrentar uma dificuldade maior, porque quem não se requalificar vai se defender da mudança, e vai bloquear, fazer com que ela ande devagar. E isso não é uma questão individual. É uma questão de país de competitividade global, de produtividade. Para enfrentar o custo Brasil, precisa discutir transformação digital. Se vão fizer isso, como competir com a Coreia, com a Suécia. Temos carne, soja e minérios. Mas o Canadá e a Austrália também têm e estão na ponta dos cascos da transformação digital.”
Gaetani vai abordar questões importantes sobre o imperativo da transformação digital no AWS & Elogroup Tech Day, em 13/8, seminário sobre Novas Tecnologias de Relacionamento Digital e o Impacto Para as Políticas Públicas no Brasil. Mas já deixa o recado fundamental de que o digital precisa ser incorporado para valer e de forma generalizada pela sociedade brasileira.
O especialista é taxativo: Governo, empresas, terceiro setor precisam fazer um esforço massivo de qualificação e requalificação profissional. Isso Porque a formação na área digital vale para todas as áreas. Segundo ele, pode ser agrônomo, economista, engenheiro, médico, tem competências para todas as áreas.
“Construção civil, arquitetura, são áreas que podem ser digitais. O MIT introduziu um ciclo básico de dados para todas as áreas, inclusive humanidades, artes, ciências sociais. Porque potencializa, muda o patamar. A gente ainda acha que isso é do setor que mexe com economia digital. Mas peraí, toda a economia agora é digital. Não é computador, software. São todos digitais. Claro que com pesos e intensidades diferentes. Mas tem um básico que a gente vai precisar aprender”, completa o professor da Ebape/FGV, Francisco Gaetani.