Sem encomendas para celulares e PCs, indústria de plástico suspende produção
A partir desta segunda, 9/3, as três fábricas de plásticos começam a adotar medidas para suspender operações no Polo Industrial de Manaus, em reflexo direto da suspensão da produção nos principais clientes: a indústria de eletroeletrônicos. Efeito cascata da falta de componentes eletrônicos chineses que deixam de ser embarcados por conta da epidemia do Coronavírus.
“A maioria das empresas do PIM, principalmente a de eletroeletrônicos, elas importam produtos de fora. Elas estão com dificuldade de importar esses produtos e, sem insumos para fabricação no PIM, elas não vão fazer o pedido do componente plástico para completar a montagem dos aparelhos. Nesse sentido nossas empresas devem solicitar pelo menos 30 dias de férias coletivas”, afirma o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Plástico do Amazonas, Francisco Brito.
Segundo o presidente-executivo da Associação Nacional de Fabricantes de Eletroeletrônicos (Eletros), José Jorge do Nascimento Junior, o maior foco do problema neste momento está concentrado nos insumos que chegam ao Brasil por via aérea, considerados de maior valor agregado, e que já se encontram perto de volumes críticos. Em relação aos insumos que chegam ao país por via marítima, os estoques são suficientes para abastecer a produção por até 60 dias.
“O que mais nos preocupa com isso é que os insumos que chegam ao Brasil por via aérea, considerados de maior valor agregado, como os componentes para celulares, TV e tablets fabricados no polo industrial de Manaus, são suficientes para abastecer a produção das indústrias por entre 10 a 15 dias”, diz o presidente da Eletros.
Segundo a Eletros, a dependência de componentes chineses é muito grande. “Em TVs, por exemplo, os componentes importados da China representam 60% das peças do equipamento. Em outras linhas, como eletroportáteis, essa fatia varia entre 30% e 50%, dependendo do produto.”
O presidente do Centro da Indústria do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, ainda evita, no entanto, arriscar a duração dos estoques da Zona Franca. “Difícil dizer. Espero que não tenhamos impactos ou que sejam os menores possíveis, mas os riscos aumentam a cada dia de ‘não produção’ na China”, afirma.
A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica, Abinee, indica que 70% das fábricas do setor já apresentam problemas no recebimento de materiais, componentes e insumos provenientes da China, em sinal de agravamento da situação: uma primeira sondagem, no início de fevereiro, apontou problemas para 52% do setor; no fim do mês já eram 57%.
O problema é maior para fabricantes de celulares e computadores. Das 50 empresas entrevistadas, 6% já estão pelo menos parcialmente paralisadas, enquanto 14% param nos próximos dias. Mais da metade (54%) das empresas informou que caso essa situação se prolongue por mais um mês e meio haverá risco na entrega do produto final para os seus clientes.
* Com informações da Eletros e do portal Em Tempo e da Abinee