Anatel: Parabólicas comprometem porta de entrada do 5G no Brasil
A busca por uma solução de convivência entre o 5G e recepção de TV por antenas parabólicas vai atrasar o cronograma do leilão, reconheceu nesta sexta, 22/5, o presidente da Anatel, Leonardo Morais. Ao tratar do tema em debate online promovido pela Aliança F4, grupo de teles e fornecedores de equipamentos em prol da banda larga, Morais destacou que a principal faixa de espectro associada à nova geração tecnológica depende da saída adotada para a coexistência dos serviços.
“A equação do 5G, ou pelo menos parte significativa dela, está condicionada a uma restrição imposta na política pública, que é preservar os sistemas de TVRO. O ecossistema existente na faixa de 3,5 GHz já é desenvolvido em equipamentos, em handsets. Mas precisamos evoluir bastante, seja na forma do endereçamento da mitigação ou na estratégia de migração, para que consigamos dar cabo da política pública”, afirmou o presidente da Anatel.
Embora os teste de campo tenham sido suspensos em função da pandemia de Covid-19, as simulações da agência demonstraram que a estratégia de mitigação de interferências, com uso de filtros LNBF, não obteve os resultados esperados, como apontado pelo Comitê de Uso de Espectro e Órbita.
“Apesar da suspensão dos testes de campo, não paramos. Aproveitamos para fazer simulações computacionais e entender melhor a coexistência do IMT-2020, o 5G, e os sistemas TVROs, que não são um serviço mas têm sua importância e são orientados por instrumentos muito rudimentares, não seletivos, o que faz com que eles acabem a receber sinais emitidos na banda adjacente”, disse Morais.
“Isso vai ter um impacto sobre o cronograma do leilão, isso é inexorável. Temos no Brasil esse desafio. Além do desafio de cuidar dos serviços satelitais, que têm links na Banda C estendida, 3,625 GHz, e temos que garantir que o 5G não gere interferência nesses sistemas. São desafios para levar adiante. A pandemia certamente gera impacto no cronograma e na própria cadeia de suprimentos do 5G, em termos de handsets, em termos da própria capacidade dos usuários de ter um terminal pode ser afetada, e nesse sentido impacta as projeções sobre a rentabilidade”, afirmou.
Segundo ele, há caminhos alternativos a partir do reaproveitamento de outras faixas do espectro. “Existem outras faixas onde há desenvolvimento de soluções para 5G, notadamente na faixa de 2,1 GHz, a banda H, na faixa de 700 MHz, de 1,8 GHz. Outros países já começam a fazer refarming e através de upgrade nas redes LTE, portanto podemos catalisar o 5G no Brasil com uso de outras faixas. Mas precisamos dizer que essa principal porta de entrada do 5G [a faixa de 3,5 GHz] ainda está condicionada à restrição que mencionei.”