Baigorri: há risco de concentração na nova economia espacial
Presidente da Anatel diz que é preciso coordenar ações para garantir uso sustentável dos recursos espaciais. Também defendeu que o 6G exigirá ações unificadas entre reguladores, indústria e academia.

O presidente da Anatel, Carlos Baigorri, participou nesta terça-feira (23/9) da abertura do HUDDLE 2025, evento internacional promovido pelo Wireless World Research Forum (WWRF), entidade que reúne pesquisadores, representantes da indústria e reguladores do setor de telecomunicações em todo o mundo.
O encontro tem como tema central o papel das redes de comunicação de próxima geração (6G) no avanço da conectividade, da sustentabilidade e da transformação digital. Ao longo de dois dias, especialistas nacionais e internacionais discutem tópicos como gestão do espectro de radiofrequências, segurança cibernética, padronização tecnológica e novas aplicações das redes móveis.
Baigorri destacou o caráter simbólico da primeira edição do HUDDLE realizada na América Latina, na sede da Anatel, afirmando que a região ocupa posição central nos debates globais sobre o futuro da conectividade.
Ele ressaltou que a padronização tecnológica é essencial para garantir acesso universal. Segundo Baigorri, a experiência do 3G mostrou como padrões globais permitem reduzir custos e ampliar benefícios econômicos, ao passo que a fragmentação de normas e frequências encarece a conectividade, especialmente em países em desenvolvimento. Hoje, ainda existem cerca de 2,6 bilhões de pessoas sem acesso à internet no mundo.
O presidente da Anatel também enfatizou a importância da harmonização do espectro de radiofrequências, citando o papel estratégico da faixa de 6 GHz para o 6G. Ele defendeu uma coordenação internacional que permita aproveitar plenamente o potencial das novas tecnologias sem deixar comunidades vulneráveis para trás.
Outro ponto ressaltado foi a necessidade de atenção à chamada “nova economia espacial”. Baigorri alertou para os riscos de concentração no acesso a órbitas e recursos espaciais, o que pode comprometer a equidade entre países. Nesse contexto, ressaltou a relevância da União Internacional de Telecomunicações (UIT) e do esforço conjunto de nações como o Brasil para garantir uso sustentável e justo dos recursos espaciais.
Por fim, Baigorri reforçou que a transição para o 6G exigirá visão unificada entre reguladores, indústria e academia, não apenas em aspectos técnicos, mas também na definição de modelos de negócios e políticas públicas capazes de responder às expectativas da sociedade e das economias nacionais.
“Cada geração de conectividade eleva o nível de expectativa da população e da economia. Por isso, é fundamental que avancemos juntos, na mesma direção, para que todos possam se beneficiar das oportunidades abertas pelas redes do futuro”, concluiu o presidente da Anatel.