Cade aprova compra da Fibrasil pela Telefônica Brasil após frustração com rede neutra
Para o presidente da Vivo, Christian Gebara, o mercado de rede neutra não aconteceu no Brasil.

A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, a aquisição pela Telefônica Vivo da totalidade das ações da Fibrasil Infraestrutura e Fibra Ótica S.A., que pertenciam à Caisse de Dépôt et Placement du Québec (CDPQ). Com a decisão, a Telefônica retoma o controle integral da empresa de rede neutra de fibra óptica criada em 2021 em parceria com o grupo canadense.
Em entrevista a esta Convergência Digital, o presidente da Vivo, Christian Gebara, avaliou que o modelo de rede de fibra neutra não se consolidou no Brasil como se esperava. Segundo ele, a experiência da operadora com a FiBrasil, criada em parceria com o fundo canadense, mostrou limitações do modelo, já que a própria Vivo acabou sendo praticamente o único cliente da empresa.
“A FiBrasil foi fundamental para acelerar a construção de rede e reduzir capex, mas constatamos que o mercado de fibra neutra realmente não aconteceu”, disse Gebara. A FiBrasil construiu uma rede de 4,5 milhões de domicílios passados, enquanto a Vivo já ultrapassa 30 milhões, com taxa média de penetração de 25%, contra 16% da subsidiária.
De acordo com o Cade, a operação não gera preocupações concorrenciais e foi enquadrada no rito sumário de análise de atos de concentração. O parecer concluiu que, embora a transação reforce a integração vertical entre a oferta atacadista de infraestrutura de rede da Fibrasil e o serviço de banda larga fixa prestado pela Vivo, não há indícios de que o movimento resulte em fechamento de mercado ou prejuízo à concorrência.
A Fibrasil atua em 151 municípios de 22 estados, oferecendo infraestrutura de rede de acesso em fibra óptica no atacado, utilizada por operadoras e provedores de internet. Após a operação, a Telefônica passa a deter 100% do capital social da empresa — anteriormente, cada grupo possuía 50% das ações. Segundo o Cade, o desinvestimento da CDPQ se deu em razão de resultados abaixo das expectativas e da decisão do grupo canadense de redirecionar investimentos globais.
O parecer técnico destacou que a Fibrasil já tinha uso majoritariamente cativo pela própria Telefônica — responsável por mais de 90% de seu faturamento — e que a infraestrutura ociosa e a presença de concorrentes locais limitam qualquer risco de exclusão de outros provedores. Mesmo nos oito municípios onde a participação da Telefônica ultrapassa 30% do mercado de banda larga (entre eles Cachoeiro de Itapemirim, Barra Mansa e Sete Lagoas), o órgão concluiu que não há incentivos econômicos nem barreiras à entrada que justifiquem restrições.





