Telecom

Claro e Vivo se isolam contra a exigência do 5G pleno

Em audiência que quase descambou para bate-boca, o grupo de trabalho do 5G na Câmara dos Deputados ouviu nesta quarta-feira, 10/2, as operadoras de telecomunicações, grandes e pequenas, sobre as condições previstas no edital da Anatel.

Pelo que se viu, Claro e Vivo se isolaram na defesa de que o leilão não exija o 5G pleno, ou seja, não exija o leilão com o release 16, da 3GPP. Enquanto TIM, provedores regionais, pequenos prestadores e operadoras competitivas afirmaram: o 5G pleno, ou ‘stand alone’, não é mais caro nem será motivo de qualquer atraso na implantação da nova tecnologia no país.

Aparentemente, as duas teles que mais investiram no 5G DSS até aqui não esperavam um ambiente de amplo apoio ao chamado release 16, ou seja, a versão completa do 5G, por contemplar não apenas conexões mais rápidas, mas também baixíssima latência e IoT massivo. 

“Estamos no Brasil, não estamos na Suíça, não estamos na Europa. Quem defende 5G ‘stand alone’ não tem uma rede da melhor qualidade. Será no mínimo quatro vezes mais caro do que se usarmos a planta que já temos e vai atrasar o 5G em três anos no Brasil”, disparou o vice presidente de relações institucionais da Claro, Fabio Andrade. 

O vice presidente regulatório da TIM, Mario Girasole, rebateu: “Estão configuradas duas falsidades: uma é que o release 16 sai mais caro, isso é falso não porque a gente acha, mas porque os contratos com as fabricantes mostram. A segunda, que isso atrasa o leilão. Isso não tem nada a ver. Os prazos do leilão independem de algo que está mundialmente padronizado. Seria um desperdício de recursos entrar com algo que já está ultrapassado. O 5G que não é ‘stand alone’ é um 4G plus.”


Única aliada da Claro nesse tema, a Vivo apontou que o 5G pleno é a meta, mas defendeu um caminho escalonado para os investimentos. “A questão é que a gente acha que o melhor para nós é que isso ocorra com a migração de 4G para 5G ‘não-SA’ e depois para o 5G SA. Não teríamos que antecipar investimentos, mas teríamos uma migração suave”, afirmou o diretor de planejamento de redes da Vivo, Átila Branco. 

O presidente da Telcomp, Luiz Henrique Barbosa, e da Associação Neo, Alex Jucius, reforçaram o entendimento de que não faz sentido que os novos investimentos não contemplem a tecnologia de ponta e que os novos entrantes certamente já vão partir para implantações tendo em vista o release 16 do 3GPP – o grupo global de empresas e fabricantes que atua na padronização das tecnologias. 

Como explicou a consultora da Abrint, Cristiane Sanches, a exigência do padrão mais atual tem impacto direto na competição. “Adotar a tecnologia do release 16 envolve dois aspectos. Abre oportunidades de serviços novos e garante que todas as operadoras partam de um princípio comum. Ou seja, uma rede nova em que a politica pública não fornece um subsidio cruzado para operadoras que já têm uma rede legada.”

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