Telecom

Disputa de fornecedores impulsiona venda de smartphones no Brasil

O ano de 2017 foi o de recuperação para o mercado de smartphones no Brasil, depois de dois anos de queda. Foram comercializados 47.700 milhões de aparelhos, um crescimento de 9,7% em relação a 2016 e apenas 6.800 milhões a menos do que em 2014, o melhor ano de vendas de smartphones no país. Já o mercado de features phones, com vendas de 3.1 milhões de aparelhos, registrou queda de 37% em relação a 2016. Os dados fazem parte do IDC Brazil Mobile Phone Tracker Q4, realizado pela IDC Brasil.

“Mesmo sendo mais fácil crescer quando se vem de um período de declínio, como foram os anos de 2016 e 2015, não se pode desprezar o desempenho do mercado de smartphones no ano passado, principalmente no primeiro semestre, que cresceu acima do projetado”, diz Leonardo Munin, analista de pesquisa do mercado de celulares da IDC para América Latina. “A liberação de saques das contas inativas do FGTS injetou dinheiro e ânimo ao consumidor, que vinha protelando a troca do aparelho e, com esse recurso extra na conta, foi às compras”, avalia Munin.

Outro fator que impactou positivamente nas vendas foi a luta pelo market share travada pelas grandes marcas. “Nunca tivemos cortes tão agressivos de preços”, afirma Munin, lembrando que um aparelho lançado por R$ 1.100, por exemplo, após o primeiro mês passou a R$ 999, no segundo baixou para R$899 e na Black Friday pode ser adquirido por R$700. “Essa guerra de preços acabou provocando um posicionamento de preços de todos os demais players e consolidando o mercado”, afirma o analista da IDC Brasil.

Segundo Munin, a menor diferença de preço entre um smartphone e um feature phone explica também a queda nas vendas de celulares mais simples. “O preço de alguns modelos de smartphone está colado ao do feature phone, e isso estimula o consumidor a investir em um aparelho melhor, ainda que básico”. Além disso, algumas marcas que ofereciam celulares deixaram de atuar no Brasil ou abriram mão de lançar dispositivos mais simples, estimulando o consumo do smartphone.

Tudo isso explica o resultado do ano: em 2017, dos 50,8 milhões de aparelhos vendidos, 6% foram de feature phones e 94% de smartphones. Em termos de valores, em 2017 o mercado de celulares sem sistema operacional foi ainda menos atraente para as marcas globais, com apenas 0,6% de rentabilidade. Apesar disso, a IDC não prevê o fim dos feature phones em um futuro próximo. “Ainda temos muitas áreas sem cobertura 3G ou 4G, por exemplo, e isso pode dar uma sobrevida a esse tipo de aparelho”, acredita Munin.


Vida longa também deve ter os smartphones entre R$ 700 e R$1.099, os chamados intermediários. Em 2017, eles reinaram absolutos, com 49% das vendas. Abaixo deles, com 22%, ficaram os aparelhos de entrada (até R$600), e os modelos high-end (de R$1.100 a R$ 1.999), com 20%. Os smartphones premium, de R$2.000 a R$2.999, fecharam 2017 com 3% do mercado e foram a categoria com a maior taxa de crescimento – 80% – em relação a 2016. Já os modelos super premium, que custam acima de R$3.000, ficaram com 5%, índice de vendas inédito na categoria e que, segundo o analista da IDC, mostra que o consumidor está investindo em aparelhos mais sofisticados.

O ano fechou sem surpresas também em termos de sistema operacional: 95,1% dos aparelhos vendidos tinham sistema operacional Android, e 4,9% IOS. Para a IDC, essa média vem desde 2014 e deve ser mantida. Para a IDC, este ano, o Brasil deve continuar sendo o quarto país do mundo em volume de celulares. “Não há perspectiva de ser o terceiro, mas também estamos longe de ir para o quinto lugar”, completa o analista da IDC Brasil.

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