Empresa de Curitiba faz app que transfere dinheiro e paga contas sem taxa
Para apoiar pequenos e médios empresários que têm dificuldade de acesso a bancos e enfrentam a barreira das altas tarifas, uma empresa curitibana deu um passo importante e desafiador: um aplicativo de pagamentos e transferência de dinheiro via smartphone totalmente seguro, o Opa!Pagamentos. Até o momento, o aplicativo reúne mais de 10 mil usuários, sendo que os downloads só foram liberados efetivamente no fim de dezembro.
A proposta surgiu depois de uma análise econômica e de mercado, que apontou que o sistema bancário brasileiro é extremamente caro e burocrático, o que dificulta o acesso principalmente para aqueles que ganham pouco ou que estão começando um novo e pequeno negócio. Talvez por isso quase 50 milhões de pessoas, segundo dados do Banco Central, não têm nenhum tipo de relacionamento com bancos no país.
“Além disso, 90% das companhias no Brasil são pequenas e micro empresas. Tudo isso se desenhou como um cenário onde qualquer tipo de melhoria tecnológica e de custo é bem vindo. Pensamos que esse poderia ser um produto com o qual conseguiríamos chegar a muitas pessoas e mudar a vida delas para melhor. Por isso decidimos criar um aparato tecnológico que diminuísse custo e que pudéssemos atender justamente esse público”, explica Marcos Souza, CEO do Opa! Pagamentos, um produto da Avant Tecnologia.
Além dos empreendedores, o aplicativo também é destinado a pessoas físicas e profissionais liberais, e uma das propostas do serviço é mudar a forma como as pessoas interagem entre si e com o mundo ao redor. Essa é uma tendência que já vem sendo percebida, e dois dados podem comprovar isso. O primeiro deles vem de um relatório da TrendForce, empresa especializada em pesquisa de mercado, que apontou que US$ 620 bilhões foram movimentados a partir de dispositivos móveis em 2016. Para este ano, a expectativa é que este valor suba para US$ 780 bilhões.
O segundo dado é que o número de smartphones em uso vem crescendo anualmente no Brasil, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP). De 2015 para 2016, o crescimento foi de 9%, passando de 152 milhões de aparelhos para 168 milhões. Até 2018, a pesquisa apontou que esse número pode chegar a 236 milhões,ou seja, um crescimento de 40%.
Com base nessas informações, Souza avalia que a plataforma de transferência unipessoal vai ganhar força nos próximos anos, porque os consumidores estão seguindo para esse caminho. Além disso, o CEO reforça que existe um público enorme que precisa deste tipo de serviço no Brasil. Por isso, o aplicativo entra no mercado com a proposta de “deixar a carteira em casa” e “não se preocupar com o troco”, ajudando, assim, a aumentar a segurança dos usuários. Comerciantes, prestadores de serviços e empreendedores individuais podem cobrar seus clientes de forma eficiente, rápida e segura, sem burocracia. Vale ressaltar, ainda, que o aplicativo é criptografado de ponta a ponta.
“Estamos criando cases de sucesso com profissionais liberais, como professores, psicólogos, pequenos empreendedores, todos aqueles que têm muitos pagamentos e recebimentos recorrentes, especialmente valores menores, ou que precisam gerar boletos. As pessoas começaram a atender ao nosso chamado de um meio mais simples de se relacionar com dinheiro e viram que a ideia está dando certo. Ou seja: a nossa plataforma, em tese, não é feita para quem está muito bem atendido; ela é feita justamente para quem tem dificuldade de acesso a outros meios, como o bancário. Ai é que entrou o Opa!”, avalia o CEO.
Empresas
Mas engana-se quem pensa que a empresa está focada somente em atingir esse público de micro e pequenas empresas ou profissionais liberais. Eles estão de olho também nos “jovens digitais” e têm a audaciosa proposta de decretar o fim do “te pago depois” ou do “não tenho dinheiro trocado”, já que o aplicativo é ideal para dividir a conta do churrasco, a gasolina da viagem ou aquela compra para uma viagem entre os amigos.
“No churrasco dos amigos, sempre acontece a divisão das despesas. Quando a conta dá R$ 27,00, quase ninguém tem dinheiro trocado. Alguém vai dar R$ 30,00, um vai ficar devendo, o outro vai prometer fazer transferência no dia seguinte e assim por diante. Aquele que fez a transferência, segundo nossas pesquisas, gastou entre R$ 7,00 e R$ 12,00 para isso. Quase 20% do total de despesa é o custo do serviço bancário. Com o Opa!, todos poderiam ser cobrados pelo aplicativo e ninguém pagaria tarifa, visto que são pessoas físicas. Esse é um dos nichos que queremos atingir”, destaca Souza.
Em breve, junto com o lançamento oficial do aplicativo, a Avant vai lançar também o cartão plástico do aplicativo, que servirá como um cartão de crédito pré-pago. O objetivo da empresa com essa ação é atender ao público que está “desbancarizado”. Segundo Eduardo Leite, diretor da Avant, a grande dificuldade para garantir um maior alcance para o aplicativo nos estabelecimentos comerciais é cadastrar milhares de pontos ao mesmo tempo.
“Com o cartão, a plataforma terá uma bandeira que já tem milhares de pontos cadastrados e essa bandeira passa a ser o veículo para chegarmos nesses lugares. O usuário pode adquirir o cartão pré-pago. A partir do momento que ele creditou a conta virtual, poderá usar o valor tanto no cartão, quanto no aplicativo”, explica. Depois do lançamento do cartão plástico, a expectativa da empresa é chegar a 66 mil clientes em 12 meses e atingir um milhão de pessoas em cinco anos.
“Chegamos a mais de 10 mil usuários sem nenhuma divulgação. A transformação digital, assim como a busca pela mobilidade, vai fazer com que os dispositivos móveis tornem-se cada vez mais populares para esse tipo de transação, e estamos lançando uma ferramenta para aproveitar esta oportunidade”, comenta Leite. O Opa! tem duas funções básicas: pagar ou cobrar.
Para creditar um valor na plataforma, o usuário pode escolher fazer uma transferência bancária, que é grátis; boleto bancário, que tem uma taxa de R$ 2,49 do custo de emissão; ou permitir uma cobrança via cartão de crédito, com a taxa de 4,99%. Dessa forma, o dinheiro ficará disponível para que ele possa fazer pagamentos a seus amigos ou a estabelecimentos que aceitem a ferramenta. Para fazer uma retirada de dinheiro para qualquer conta corrente da titularidade do usuário, o custo é de R$ 0,99 por transferência.
Na hora de fazer uma cobrança, para garantir a facilidade da transação, existem também três diferentes formas. A primeira é solicitando o dinheiro quando o contato da pessoa já está salvo na agenda telefônica. A segunda opção é gerar um Código Opa!, que é um QR Code, e esse QR Code pode ser “lido” por outro smartphone através do aplicativo. Por fim, o usuário pode emitir um boleto. Nas duas primeiras opções, é possível concluir a operação no mesmo momento e o saldo passa para a conta do cobrador imediatamente. Já na opção do boleto bancário, há um custo de R$2,49 e o valor referente à cobrança ficará disponível na conta Opa! em até dois dias úteis após o pagamento.
Além do Opa! para pessoas físicas, a Avant lançou também a versão profissional, o Opa! Pro. Esta é uma solução para micro e pequenas empresas receberem os pagamentos de seus clientes que também possuem o aplicativo em seus smartphones e tablets. O principal objetivo da versão é ser uma opção com melhor custo do que as famosas maquininhas de cartão, sem nenhuma tarifa de adesão.
Para cobrar o cliente, o empresário pode gerar o Código Opa! ou emitir um boleto (também com custo de R$ 2,49 por boleto liquidado). O estabelecimento que receber os pagamentos através de Código Opa! terá os valores disponíveis em sua conta Opa! instantaneamente após a efetivação da transação. Ao optar pelo boleto bancário, o valor será creditado em até dois dias úteis após a liquidação.
Na versão profissional, quando houver a necessidade de transferir o saldo do Opa! para uma conta bancária da empresa (sempre de mesma titularidade, a conta deve ser do mesmo CNPJ do cadastro no aplicativo), basta solicitar um saque e, mediante uma taxa de 2,5%, o dinheiro estarádisponível na conta bancária em até dois dias úteis.