Faltam redes para o Brasil poder ‘brincar’ de Inteligência Artificial
Nos dois imensos pavilhões onde a chinesa Huawei promove o seu evento global Huawei Connect, em Xangai, para reunir analistas e parceiros tecnológicos, as soluções baseadas em inteligência artificial dominam estandes, palestras, produtos e soluções. Mas em meio à hype da IA, o conselheiro da Anatel, Emmanoel Campelo, lembrou que países em desenvolvimento, a começar pelo Brasil, ainda lutam para garantir a base da nova onda: infraestrutura de telecomunicações.
“Quando falamos de inteligência artificial, estamos tratando de algo que para se desenvolver precisa essencialmente de dados. Mas para garantir os dados que a inteligência artificial precisa, temos antes que garantir infraestrutura. E, no entanto, ainda estamos às voltas com o desenvolvimento de políticas que induzam a construção de redes em muitas áreas, especialmente àquelas com pouca população, mesmo que envolvem aplicações possíveis e desejáveis, como a agricultura”, afirmou o conselheiro.
Campelo foi um dos convidados do debate centrado no desenvolvimento da economia digital. E ao lado de atores envolvidos com o tema em países tão distintos como Tunísia e Inglaterra, destacou que em um segmento tão carente de mão de obra especializada,reforçada ainda mais com a mencionada economia digital, o Brasil ainda trabalha para garantir internet aos estudantes.
“Como falar de habilidades quando as escolas não têm internet de qualidade?”, provocou. A tarefa, insistiu, envolve governo e setor privado. Mas o conselheiro centrou o mea culpa na dificuldade do país em modernizar a legislação relacionada às telecomunicações. “Nossa legislação é de 1997, de quando não existiam smartphones. A internet traz novos desafios, a começar pelos reguladores precisarem de criatividade para atrair recursos para as telecomunicações. E hoje, quem não conseguir acompanhar o ritmo vai ficar ainda mais para trás.”, completou.
*Luis Osvaldo Grossmann viajou a Xangai a convite da Huawei Brasil