Telecom

Oi pede suspensão de assembleia de credores e mais tempo para negociar

“Vários detalhes ainda precisam de negociações para apoio da maioria dos credores”, afirmou, Rodrigo Abreu, que lidera as tratativas. Assembleia será retomada em 25 de março.

A Justiça negou o pleito da Anatel para adiar a assembleia de credores da Oi, mas a surpresa é que a própria empresa – que foi contra o pleito da Anatel – pediu adiamento da reunião. Como explicou o ex-CEO, mas ainda no comando das tratativas, Rodrigo Abreu, é preciso mais tempo para negociar. 

“Vários detalhes discutidos ainda precisam de negociações finais para chegarmos a um plano viável e com apoio da maioria dos credores. A empresa gostaria de solicitar a suspensão”, afirmou Abreu, primeiro a falar na Assembleia Geral de Credores aberta nesta terça, 5/3. 

Em votação dos credores, a assembleia foi adiada para 25 de março, data que, na prática, também atende o pedido da Anatel. A agência argumentou junto à 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, onde corre a recuperação judicial da Oi, que seria melhor aguardar o fim do prazo de mediação do Tribunal de Contas da União sobre valores discutidos entre empresa e regulador. 

Na véspera, a juíza Caroline Fonseca tinha negado o pleito da Anatel pelo adiamento. Ela descartou temores do regulador, uma vez ser “certo que o Plano de Recuperação prevê expressamente a anuência prévia da requerente”, e ainda revelou “certa surpresa [com] o fato de a Agência Reguladora apresentar longa manifestação sobre tema que é de notório conhecimento do Juízo”, qual seja, a necessidade de anuência da Anatel em certos pontos e a preservação do serviço. 

A própria Oi, porém, chegou à assembleia nesta terça para pedir mais tempo. Rodrigo Abreu, que deixou a presidência da operadora em janeiro, mas segue à frente do plano de recuperação, admitiu uma série de expectativas frustradas que levaram à nova intervenção judicial, que em resumo mostram que o caixa gerado pela empresa não é capaz de fazer frente às dívidas ainda existentes.  


“Como mencionei em reunião com investidores, no futuro, a empresa poderia alcançar um Ebitda de R$ 2 bilhões, mas ainda insuficientes para arcar com uma dívida de R$ 30 bilhões”, disse Abreu, ao listar acontecimentos imprevistos quando a primeira recuperação judicial começou, lá em 2016: 

Pandemia, declínio acentuado das receitas da telefonia fixa, mudança tecnológica para o mercado da fibra e declínio também da TV por assinatura, desvalorização cambial (“mais de R$ 10 bilhões na dívida unicamente pelo câmbio”), aumento de juros, atraso na venda de ativos (notadamente da Oi Móvel, com R$ 1,5 bi esperados e apenas parcialmente recebidos), aumento da competição na fibra. 

O esforço, sustentou, foi grande. A Oi devia R$ 65 bilhões em 2016 – valor que seria superior a R$ 100 bilhões em dinheiro de 2024. A dívida caiu, mas ainda é de R$ 30 bilhões. E ainda existem R$ 15 bilhões “cobrados” pela Anatel para viabilizar a migração da concessão do STFC para o regime privado, passo considerado essencial para a sobrevivência da empresa. 

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