Oi quer aumento de capital rápido para investir em fibra e 4G ainda em 2018
Superada a reestruturação da dívida com os credores, a Oi agora espera avançar rapidamente para a injeção de capital de R$ 4 bilhões prevista no plano de recuperação judicial de forma a retomar os investimentos em rede. O foco será na oferta de FTTH em 4 mil clusters em 2 mil cidades onde já possui fibra óptica e no refarming da faixa de 1,8 GHz em 1,1 mil pontos para oferta de 4G.
“Concluímos o processo de conversão da dívida no prazo, com isso a Oi reorganizou sua nova estrutura societária e os novos acionistas vão votar no novo conselho de administração em 3 de setembro. A próxima etapa é aumento de capital de R$ 4 bilhões, que vai financiar nosso plano de investimentos. E estamos nos preparando para fazê-lo o mais rápido possível”, afirmou o presidente da Oi, Eurico Teles.
Ao apresentarem os resultados do segundo trimestre de 2018 nesta terça, 14/8, os executivos da operadora indicaram que a recuperação das receitas, ainda afetadas pela reestruturação, está diretamente relacionada a retomada de investimentos, centrados na convergência de serviços suportados por conexões em fibra óptica e 4G.
“A reversão da receita, que foi muito afetada pela recuperação judicial, depende do aumento de investimentos, que virá com o aporte de capital. O pré-pago sofre muito com a taxa de desemprego, mas a queda também se deve a uma política de desconexão de clientes inativos. No pós-pago, a base cresce impulsionada por ofertas. E a banda larga, que é a principal alavanca para a penetração de produtos convergentes, tem sua recuperação relacionada ao projeto estruturante de fibra até a casa do cliente”, explicou o diretor financeiro, Carlos Brandão.
A lógica desse carro-chefe é aproveitar a capilaridade de fibra já detida pela Oi, com redes em 2 mil municípios. A empresa fez um mapeamento e separou mais de 9 mil clusters com base no potencial de VPL positivo – ou seja, retorno financeiro. Desses, pretende priorizar 4 mil deles ao longo dos próximos anos, onde calcula investimentos (Capex) de R$ 6,7 bilhões e VPL de R$ 9,1 bilhões. Um piloto já foi iniciado em Cabo Frio-RJ, mas o plano é investir ainda este ano para chegar até o fim de dezembro em 19 cidades com ofertas de 50, 100 e 200 Mbps.
“Temos uma ampla capilaridade de fibra metropolitana existente, mais de 350 mil km, mais de 2 mil municípios com fibra. O reuso é uma forma inovadora de aproveitar essa vantagem competitiva. Temos potencial imediato de atingir 6 milhões de casas com FTTH, faltando apenas a eletrônica de acesso e a última milha para entrega do serviço. Planejamos terminar 2018 com 1 milhão de casas passadas e mais 1 milhão aptas a receber, com disponibilidade em 19 cidades”, emendou Brandão.
A partir da experiência em Cabo Frio, a Oi quer partir para cima de provedores regionais que ainda ofertam conexões por rádio, mas mesmo contra alguns que já foram para a fibra. Nesse piloto, conseguiu roubar clientes mesmo com preços 15% superiores à concorrência, pela oferta de altas velocidades. “Esperamos alguma consolidação, com a transformação de [provedores] locais em médios players. Mas com nossa abordagem de fibra, esperamos ter excelente nível de competitividade com os players que oferecem conexões por rádio”, resumiu o diretor de operações José Claudio Moreira Gonçalves.
Paralelamente, esse levantamento avaliou os próximos passos também em conectividade móvel. O cerne aí é o refarming da faixa de 1,8 GHz para serviços em 4G – e a potencial combinação com 2,5 GHz para o que o mercado chama de LTE Advanced ou 4,5G. Assim, tendo identificado 3,5 mil clusters nesse universo, pretende priorizar o refarming em 1.160 deles, onde calcula investir R$ 8,8 bilhões e enxerga VPL de R$ 6,6 bilhões.
A Oi encerrou o segundo trimestre com prejuízo de R$ 1,2 bilhão, o que representa uma queda de 70% sobre o resultado negativo em R$ 4,1 bilhões registrado um ano antes. A receita líquida caiu 2,2% no trimestre e 4,9% na comparação com o segundo trimestre de 2017, ficando em R$ 5,4 bilhões. Segundo a tele, fruto da queda do tráfego de voz, corte nas tarifas de interconexão, além da alta da taxa de desemprego. A TV paga e as receitas de dados compensaram parcialmente os impactos negativos,