OpenRAN veio para ficar
O OpenRAN vai impactar o mercado com inovação, competitividade e ofertas de serviços e soluções diferenciadas a partir das redes abertas. Essa foi a tônica de debate, realizado no Futurecom Digital Week, nesta quarta-feira, 10/11, e que reuniu Eduardo Tude, presidente da Teleco, Atila Xavier, responsável pela arquitetura e inovação tecnológica na TIM; Augusto Pessoa, diretor técnico global da QMC Telecom, e Andres Madero, CIO da Infinera na América Latina.
Com a chegada do 5G, haverá um incremento de projetos de Internet das Coisas (IoT), que demandarão um volume maior de dispositivos. Atila Xavier lembra que as soluções monolíticas, que criam um lock-in com os vendors, podem trazer um incremento no custo de propriedade (TCO) das soluções, o que levou a operadora a buscar alternativas como o OpenRAN capaz de separar não só hardware e software, mas também as funções. Essa separação consegue endereçar o problema de soluções monolíticas e incentivar mais empresas a entrarem no mercado. “Isso foi o que nos motivou a seguir rumo ao OpenRAN, pois acreditamos que é uma tecnologia que veio para ficar”, ressalta o executivo da TIM.
Para Augusto Pessoa, da QMC Telecom, o potencial de reduzir o TCO é um dos grandes drivers para a evolução do OpenRAN. Hoje, 1% das redes globais utiliza a arquitetura, mas a projeção é de que, em 2025, pelo menos 10% das redes façam uso dela. O movimento OpenRAN começou há três anos e, nos testes feitos com redes não tão maduras, já demonstra a redução de CAPEX na ordem de 30% a 40% e de OPEX de 40% a 50% para redes greenfield – como o caso da Hakuten, no Japão, e da Dish, nos EUA.
Dentro do CAPEX, com um número muito maior de fornecedores, o preço dos componentes da arquitetura OpenRAN tende a cair. Um exemplo é o programa Evenstar, do Facebook, esforço colaborativo da Facebook Connectivity e dos parceiros globais do setor para acelerar a adoção da tecnologia OpenRAN, a partir do desenvolvimento de rádios macro avançados e de alta potência.
Andres Madero, da Infinera, defende que a criação de um lock-in não é mais economicamente viável para prestadores de serviços. O vasto ecossistema das telecomunicações faz com que a tecnologia seja cada vez mais complexa de se alcançar, e por isso, existem cada vez menos competidores. “O OpenRAN aponta a necessidade de um funcionamento especializado na rede, em que os provedores escolhem quem faz melhor”. O alcance desse ecossistema proporciona inovações e reduções de custos, uma vez que é desagregado. Nesse sentido, o que realmente importa é quem tem a melhor tecnologia”, ressalta.
Sobre aplicações das redes neutras com o 5G, Atila Xavier disse que a TIM iniciou, em 2021, o projeto Open Field, aberto para as operadoras e vendors, com participação da Inatel e Telecom Infra Project, que trabalham na validação das soluções OpenRAN disponíveis para o 5G. “Outro fator importante do projeto é o desenvolvimento de recursos humanos, pois a sociedade vai precisar de uma nova classe de engenheiros, de equipes dentro das operadoras, que sejam capazes de identificar e trabalhar com essas soluções desagregadas de redes”, destaca.
Para Andres Madero, o 5G não é só mais velocidade no celular, mas um mundo de diferentes aplicações que já foram e ainda serão descobertas. “A infraestrutura compartilhada e as redes neutras estão se sobressaindo no ecossistema porque existem melhores maneiras de construir as redes e chegar ao ponto comercial”, complementa o CIO da Infenera na América Latina.