Telecom

TIM descarta revisão da compra da Oi por divergência com Anatel

Ao apresentar o desempenho financeiro do segundo trimestre, em teleconferência nesta terça, 2/8, o presidente da TIM, Alberto Griselli, sustentou que a incorporação da Oi Móvel já traz ganhos, apesar do trabalho envolvido na digestão do negócio. A receita cresceu 21,8% no período com a absorção dos novos clientes, mas o lucro despencou 58,4%, para R$ 280 milhões. 

Esse resultado era esperado, especialmente por envolver custos não apenas com o pagamento já feito pela fatia adquirida da Oi (R$ 6,6 bilhões), mas por compromissos associados, como as torres e antenas, que vão gerar despesas por mais dois anos pelo menos até o completo descomissionamento ou venda dessa infraestrutura. 

Menos esperado era a atual disputa com a Anatel pelo principal compromisso associado ao fatiamento da Oi Móvel entre as três maiores operadoras do mercado: a determinação de uma oferta de roaming no atacado, a preço de custo e em valores bem mais baixos que os atuais. Por exemplo, a Anatel quer o GB de dados em R$ 2,60 em 2022 e R$ 2,20 em 2023. Hoje, custa entre R$ 10 e R$ 20.

A TIM, assim como Vivo e Claro, foi à Justiça e obteve uma liminar para suspender o valor da Anatel. Como reação, o presidente da agência, Carlos Baigorri, chegou a dizer que “foi uma surpresa desagradável” e que “a venda da Oi pode ser revista”. As teles baixaram o tom e agora tentam um acordo, para o qual a própria TIM apresentou novos valores para o roaming. 

Em meio a essas tratativas, o presidente da TIM procurou acalmar os representantes de bancos que assistiram a apresentação dos resultados financeiros da empresa nesta terça. Segundo ele, em que pese as afirmações públicas de Baigorri, a venda da Oi não está em pauta. 


“Sobre o roaming, existe alguma discussão na imprensa. O presidente da Anatel sugeriu, há duas semanas, que se isso não for cumprido, poderíamos discutir a Oi. Mas ele esclareceu em reunião conosco que esse não é o caso e que o acordo não esta em discussão de forma alguma”, disse Griselli. 

“As três operadoras concordam com a Anatel sobre um preço correto para contrato de roaming. A Anatel propôs um número, mas quando propôs não tínhamos acesso à metodologia para chegar naquele valor. Depois recebemos e aceitamos algumas das mudanças que a Anatel estava propondo. Na sexta-feira passada, enviamos à Anatel uma proposta revisada do nosso lado. Então cabe à Anatel agora decidir se nossa proposta é aceitável ou não. Isso deve acontecer na próxima semana e aí veremos o que vai acontecer”, completou o executivo. 

De fato, o comando da Anatel indicou às teles que não é esse o objetivo. As empresas ouviram que desfazer a venda da Oi não é algo que esteja sendo considerado neste momento. Por outro lado, não está descartada nenhuma medida para garantir que os remédios aplicados por Anatel e CADE sejam efetivos.

Em números, a receita líquida da TIM cresceu 21,8% no segundo trimestre de 2022, para R$ 5,37 bilhões. A maior fatia, relativa ao serviço móvel, somou R$ 4,9 bilhões, alta de 23%. A receita do serviço fixo cresceu 7,1%, para R$ 303 milhões. O impacto da Oi é relevante. Segundo a TIM, a base de clientes móveis aumentou 33,8%, para 68,7 milhões. Da Oi são 16 milhões, sendo 9 milhões no pré-pago e 7 milhões no pós.

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