Telecom

Transformação digital exige investimento em conectividade

Definir a agenda digital deveria ser uma das prioridades do governo brasileiro para evitar que o gap digital existente hoje se aprofunde ainda mais. Esse foi o consenso dos participantes do painel Uma agenda estratégica para o Brasil Digital, que discutiu o tema durante o segundo dia do Painel Telebrasil 2018, que se encerra amanhã, 24/05.

“Há um processo de transformação social e econômica que é inexorável, as sociedades estão se transformando em digitais e a reflexão que temos de fazer é qual o papel que vamos exercer nesse cenário”, observou Sergio Paulo Gallindo, presidente da Associação Brasileira das Empre-sas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brascomm).

O executivo lembrou que há dois projetos de lei importantes para o setor que tramitam no Congresso Nacional e, se aprovados, poderiam ter grande impacto nesse mercado. Um deles, o PLC 79, atualiza o marco regulatório e, na sua avaliação, poderá levar ao destravamento de investimentos privados. O outro diz respeito à proteção de dados pessoais. “Vergonhosamente, o Brasil é um dos poucos que não têm uma legislação a esse respeito”, afirmou.

Para o conselheiro da Anatel Leonardo Euler, a transformação digital do País vai passar por um ponto fundamental que é a conectividade. “Esse deve ser o principal foco e levar a banda larga para o centro de políticas públicas”, ressaltou.

Ele concorda que parte dessa agenda digital está presente em projetos tramitando no Congresso Nacional, como o PLC 79 e a chamada Lei do Fust, mas há ainda outras áreas que podem contribuir. Por exemplo, a oferta de uma ampla gama de espectro por parte da Anatel para que as prestadoras de serviços possam avançar em novos serviços. “Na oferta dessas faixas, seria importante dar sequência ao conceito de se pagar menos por elas em troca do que se pode fazer para a sociedade”, disse.


Para Camila Tápias, vice-presidente de Assuntos Corporativos da Vivo, é preciso lembrar que há “dinheiro velho” que pode subsidiar a chegada das prestadoras de serviços em lugares mais afastados onde não há competição. Ela se refere ao que poderia ser obtido na troca de multas por coberturas, como nos TACs, da troca de bens reversíveis ou mesmo da aprovação do PLC 79.

A executiva ressaltou que a Vivo tem feito seu papel de levar a conectividade a vários locais em todo o País. Mas também vem trabalhando na questão da digitalização, ou seja, proporcionar uma vida digital mais rica a seus clientes.

Proporcionar uma melhor experiência ao cliente faz parte do tripé que a Claro vem trabalhando, de acordo com Rodrigo Marques, diretor executivo de Estratégia e Gestão Operacional da Claro Brasil. Também fazem parte dessa estratégia o esforço para a entrega de novos serviços e o uso interno dessas ferramentas avançadas para ganho de eficiência da empresa.

Um dos segmentos que está conhecendo o valor dessa transformação digital é o audiovisual, na opinião de Christian de Castro, presidente da Ancine. “Hoje tem uma geração completa tem grande convivência com o digital principalmente por conta do conteúdo oferecido”, ressaltou.

“Quando tecnologia, mídia e entretenimento estão sintonizados, o crescimento exponencial da digitalização acontece”, afirmou. Como exemplo, citou a Netflix, que acelerou seu valor à medida que ganhou capacidade tecnológica para entregar seus produtos em todo o mundo com a mesma qualidade e custos acessíveis.

Segundo Vinicius Dalben, vice-presidente de Estratégia da Ericsson, o setor precisa ser menos autocentrado e mais horizontal, vendo os demais mercados que demandam fortemente tecnologia. “Tenho a convicção de que o setor de telecomunicações é o mais capacitado para fazer essas orquestrações entre todas as verticais, unindo políticas públicas e privadas”, afirmou. Assistam a íntegra do painel Uma Agenda Estratégica para o Brasil Digital, realizado no Painel Telebrasil 2018.

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