Mirai, que ataca Internet das Coisas, avança de forma explosiva no Brasil
Os ataques a dispositivos Internet das Coisas cresceram 249% entre 2016 e 2017 no mundo e, especialmente, aqui no Brasil, o botnet Mirai impressiona com a sua capacidade de contaminação de dispositivos como câmeras de segurança IP, gravadores digitais de vídeo, impressoras, roteadores e outros equipamentos dedicados à conexão dos objetivos.
O portal Convergência Digital teve acesso a dados exclusivos da quarta pesquisa feita pelo F5 Labs sobre Internet das Coisas. Os resultados são assustadores. Em 2016, o Mirai estava presente em poucos pontos do País. Em 2017, o avanço foi significativo e há pontos vermelhos em quase todas as localidades.
“O Mirai e seus descendentes são capazes de fazer um ataque de 1,3 Terabits. Isso faz a rede de qualquer operadora do mundo parar”, observa o diretor de vendas para a América Latina da F5, Ewerton Vieira. O estudo do F5 Labs mostra que 44% do tráfego de ataque são originários da China, com Estados Unidos na segunda posição e a Rússia na terceira posição.
A surpresa é a presença do Brasil na quarta posição – principalmente no mês de setembro de 2017. Nos outros meses, o país oscila, mas fica no Top 10 dos atacantes. E para piorar, aparece também no top 10 dos países mais atacados.
“No mercado corporativo, a maioria não percebe que os dispositivos estão sendo usados para ataques. Até porque esse uso não significa roubo de dados. Mas isso é agora. Mas quem garante que esse hacker não vá depois atacar o servidor das aplicações? Os gestores de segurança precisam ter mais atenção aos equipamentos sequestrados”, salienta Vieira.
Do ponto de vista de segurança, o mais preocupante, destaca o diretor geral da F5 Networks, Hilmar Becker, é o conhecimento do impacto do Mirai e o seu crescimento contínuo na América Latina e no Brasil. “Esse crescimento é a prova que as ações de segurança não estão acontecendo da melhor forma possível”.
O estudo do F5 Labs aponta que os Estados Unidos, Cingapura, Espanha e Hungria foram os países mais atacados pelo Mirai nos últimos 12 meses. O estudo projeta mais de 1 trilhão de dispositivos conectados e adverte: é necessária uma legislação global para evitar que se crie ‘silos’ de proteção. “Os EUA vão ter a sua lei de proteção, mas ela só será válida no País. Não é o melhor caminho para IoT”, observam os especialistas da F5 Labs.
Negócios
O governo brasileiro comprou nos últimos seis meses e foi um dos impulsionadores do crescimento de 30% registrado pela F5 Networks no Brasil, aponta o diretor geral, Hilmar Becker. O carro-chefe foi o Web Firewall Application, que funciona como um escudo diante dos ataques e impede o roubo de dados por meio dos ataques DDoS (negação de serviços).
Outras duas verticais relevantes são Telecomunicações e o mercado financeiro. A solução é vendida por licença tradicional ou por meio de cloud, com parceiros como Amazon Web Services e Microsoft Azzure. Nas operadoras, o caminho da tecnologia para o 5G, que é 100% IP, amplia ainda mais as oportunidades.
“Segurança será crucial nessa nova jornada”, observa Becker. A aceleração do uso da Internet das Coisas também amplia as possibilidades de negócios. “Mitigar esses ataques será uma missão diária”, completa o diretor geral da F5.