Claro, TIM e Vivo dizem que Oi Móvel ‘jogou a toalha’ e desvalorizou empresa
O consórcio comprador decidiu rediscutir o preço da Oi Móvel. Para isso, Vivo, TIM e Claro alegam que a Oi desistiu da operação móvel e, com isso, não cumpriu parâmetros do acordo. Em especial, reclamam que o volume de investimentos e as receitas despencaram.
“A síntese é que a Oi vendeu e aí jogou a tolha. Mas se vai entregar algo mais frouxo daquilo que foi comprado, então vamos pagar menos”, resume um dos executivos envolvidos nas tratativas entre as quatro operadoras. Nessa mesma linha de ataques, outra queixa é que a própria capacidade de gestão da Oi Móvel foi afetada. “Se existe surpresa é com a incapacidade da Oi de documentar. E no mundo corporativo, se não documentou, não aconteceu.”
A Oi Móvel foi vendida por R$ 15,9 bilhões – além de outros R$ 700 milhões pelo aluguel de rede. Vivo, Claro e TIM usam cláusulas do contrato para alegar que o valor final deve ser reduzido em R$ 3,2 bilhões. Uma das principais alegações é que a Oi se comprometeu com um volume mínimo de Capex anual próximo a R$ 900 milhões, mas investiu efetivamente menos de R$ 800 milhões.
A outra queixa é de que a Oi não cumpriu o compromisso de garantir um volume mínimo de receitas, baseado no registrado pela operadora no segundo semestre de 2019. As receitas móveis, no entanto, caíram quase 4% ao longo de 2020, e recuaram outros 3% em 2021.
A Oi se manifestou no sentido de que “discorda veementemente dos valores apresentados pelas compradoras e tomará todas as medidas cabíveis no sentido de fazer prevalecer seus direitos”. Embora reconheça que o ajuste de preço pós fechamento é etapa regular de processos de venda, rebate as alegações e aponta “uma série de erros técnicos e processuais, além de equívocos na metodologia, nos critérios, nas premissas e na abordagem adotados, fazendo com que o ajuste proposto esteja fora de qualquer base de razoabilidade”.
Tudo indica, portanto, que serão perseguidas etapas para o confronto de números e negociação. Há prazos de 30, 60 e 90 dias para questionamento dos valores e uma tentativa de acordo. Se no fim disso não houver entendimento, haverá contratação de novo auditor independente para um cálculo definitivo. As apostas são de que Vivo, TIM e Claro já pediram o dobro para ficarem com a metade. Afinal, os R$ 3,2 bilhões são pouco mais de 50% do dinheiro retido (R$ 1,44 bilhões) pelas compradoras à espera desse ajuste final.