Banco digital Efí investe no ChatGPT para atuar fora da caixa
O banco digital Efí apostou no ChatGPT, da OpenAI, e no Github Copilot para aportar agilidade e eficiência na elaboração de seus projetos. A meta é fazer com que os processos sejam mais fluidos, objetivos e modulares, explicou, em entrevista ao Convergência Digital, Alexandre Santana, gerente de CRM da Efí. “Vimos o quanto as IA assistivas podem impactar a produtividade e dar assistência ao profissional do banco na execução do trabalho dele”, disse.
É fato que o hype que veio com a popularização do ChatGPT foi um grande impulsionador que chamou a atenção do banco digital que decidiu implantar a IA como ferramenta oficial de trabalho do time interno. O banco conta também com chatbot, mas estruturado com menu e não em modelo conversacional.
O objetivo, explicou Santana, é auxiliar os funcionários durante o trabalho. “Estamos fazendo experiência com praticamente todas as pessoas com a versão paga do ChatGPT de forma ininterrupta e com o GPT-4 também. O pessoal usando no dia a dia, principalmente, para construção de códigos e para buscar formas alternativas para resolver problemas”, apontou.
O banco digital Efí, antes chamado de Gerencianet, existe desde 2007. Em 2022, transacionou R$ 21 bilhões, um crescimento de 40% em relação a 2021 (R$ 15 bilhões), segundo Santana. A expectativa é de crescimento de 47% em 2023. Sediada em Ouro Preto-MG com escritórios em São Paulo, BH e Recife, a empresa é habilitada para começar a oferecer o serviço de Iniciador de Transação de Pagamento (ITP) no ambiente Open Finance.
A Efí encerrou 2022 com 370 mil clientes. O banco digital nasceu oferecendo boletos e evoluiu para novas formas, inclusive Pix. “Nosso grande diferencial é a tecnologia nas APIs, temos um ecossistema de APIs robustas”, apontou Santana. O executivo contou que a Efí trabalha com inteligência artificial há algum tempo, tendo IAs proprietárias, principalmente, na área antifraude. Desde 2012, a IA é usada em alguns projetos específicos, como em modelos matemáticos ou para automatizar leituras de alguns comportamentos etc.
Cuidados necessários
Adotado internamente, o ChatGPT já trouxe benefícios. “Um exemplo é que estávamos com um problema que, para ser resolvido na forma convencional, levaria de uma a dois dias de trabalho. Mas o ChatGPT nos deu outra ideia de como solucionar o problema; ele veio com uma ideia fora da caixa, com uma proposta para gente e o interessante é que isso atendeu melhor. Levamos meia hora de conversa com o ChatGPT e dez minutos para implantar a solução dada pela IA”, contou o gerente de CRM.
O banco também está fazendo uso da IA para elaboração de textos que podem ser públicos, como, por exemplo, para reduzir o tamanho de um texto. “Um ponto muito importante para nós é a segurança da informação e temos norma com diretrizes de como as pessoas podem e não podem usar tecnologias como ChatGPT dentro da empresa. Também usamos muito para escrever códigos que não são críticos, que não sejam objeto de propriedade intelectual”, acrescentou.
O próximo passo é a institucionalização dos documentos. Segundo Santana, a Efí já tem normas que estão sendo registradas junto aos setores de controles internos, tornando processos auditáveis. Os funcionários também passam por treinamento. “A ideia é que todas as áreas da empresas passem a usar e com base nas normas do que pode e não pode”, disse.
Santana tem consciência dos riscos que a ferramenta, adotada em larga escala, pode trazer. E alguns cuidados vêm sendo tomados. Há, por exemplo, segundo ele, a definição de tópicos que não podem nunca ser inseridos na ferramenta, tais como informações pessoais identificáveis de clientes, colaboradores, fornecedores; informações financeiras; credencial de acesso; senha; tokens; informações confidenciais de pessoas e empresas; dados sensíveis, dados jurídicos; propriedade intelectual; código fonte de sistema, códigos proprietários.
Tudo para evitar o que aconteceu recentemente com a Samsung, quando uma equipe inseriu um código confidencial na plataforma, vazando, acidentalmente, um código-fonte interno. Depois do conturbado incidente, os funcionários da multinacional foram proibidos de usarem ferramentas de inteligência artificial generativa, como o ChatGPT. “Eles inseriram um código deles e pediram para otimizar. Isso não pode em hipótese alguma”, ressaltou.
A partir da adoção de IA generativa, como ChatGPT, o banco — cujos funcionários têm jornada de quatro dias por semana — espera otimizar o tempo e o trabalho dos times. “Pelas estimativas, conseguimos economizar duas horas por dia. É como se todo dia tivéssemos uma pessoa a mais trabalhando entre 1,5 hora a 2 horas”, disse. Com o uso do ChatGPT e Copilot, os desenvolvedores conseguem mais tempo para se concentrar em tarefas mais sofisticadas e deixar a criação de códigos menores e mais básicos para as ferramentas.