TICs e software ficam com 35% dos investimentos das grandes indústrias
Compra de equipamentos segue sendo a prioridade (77%). Pela primeira vez, percentual de empresas que aposta no mercado externo chegou a 10%.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria, 79% das grandes empresas realizaram investimentos em 2023, sendo que 74% desses aportes tiveram como objetivo a inovação tecnológica. Os números são da pesquisa Investimentos na Indústria, divulgada nesta quarta, 13/3.
Em 58%, os investimentos visaram o desenvolvimento de capital humano. A busca por maior eficiência energética foi um objetivo para 38% das grandes empresas, percentual próximo aos 34% que associaram os investimentos à preocupação com o impacto ambiental.
Nesse contexto, os investimentos na aquisição de equipamentos para informação, comunicação e telecomunicações foram mencionados por 35% das grandes indústrias. Para 22% delas, os investimentos abrangeram a aquisição de ativos intangíveis ou produtos de propriedade intelectual, como despesas com P&D, softwares, banco de dados, entre outros.
O principal item, em 77% das grandes empresas, foi a aquisição de máquinas ou equipamentos. O percentual inclui tanto o investimento em máquinas novas quanto usadas. Do total das grandes empresas que fizeram qualquer tipo de investimento no ano passado, 73% compraram máquinas equipamentos novos e 18% compraram máquinas ou equipamentos usados.
O segundo tipo de investimento mais comum, que alcançou 53% das grandes indústrias, foi a atualização ou modernização de plantas, fábricas e armazéns. Já 42% afirmaram terem atualizado ou modernizado máquinas ou equipamentos.
O investimento voltado para melhorias para a comunidade, envolvendo governos, grupos ou pessoas essenciais aos negócios, foi apontado por 12% das grandes empresas. Apenas 7% delas informaram que os investimentos realizados buscaram a inserção internacional.
Segundo ainda a CNI, a parcela das grandes indústrias com planos de investimentos aumentou de 68% para 73% entre 2023 e 2024, de acordo com a pesquisa Investimentos na Indústria, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A alta representará aumento na capacidade produtiva e melhoria dos processos produtivos industriais.
Os recursos próprios da empresa ou dos sócios continuam sendo a principal fonte de recursos para os investimentos. A participação no total aumentou de 71%, em 2022, para 74%, em 2023. Ao mesmo tempo, caiu de 12% para 9% o uso de bancos comerciais privados, que, apesar disso, continua sendo a segunda fonte mais utilizada para financiar os investimentos. Apenas 8% dos recursos tiveram como fonte bancos oficiais de desenvolvimento em 2023.
De acordo com o gerente-executivo de economia da CNI, Mário Sérgio Telles, os principais objetivos dos investimentos planejados para 2024 pelas grandes empresas foram a ampliação ou melhoria da capacidade produtiva (42%) e a ampliação ou melhoria do processo produtivo atual (42%). Um percentual menor, de 9%, pretende investir em novos produtos, e 7% dizem que o investimento estará direcionado para novos processos produtivos. Foram ouvidas 381 empresas com mais de 250 empregados.
“É importante notar o aumento percentual das grandes empresas que pretendem investir em 2024, especialmente depois de um ano com um percentual baixo de empresas investindo e com frustração elevada nos planos de investimentos. O equilíbrio entre a preocupação com aumento da capacidade produtiva com a melhoria do processo produtivo sugere tanto a expectativa por maior demanda como a busca por modernização, alinhada com as necessidades da neoindustrialização, como inovação e compromisso ambiental”, diz o economista.
Diante do alto custo do crédito, 39% das grandes empresas com planos de investir afirmaram que pretendem usar exclusivamente recursos próprios, e os investimentos de outros 29% serão feitos em sua maior parte com recursos da própria empresa. Além disso, 30% das grandes empresas devem financiar a maior parte de seus investimentos com recursos de terceiros, enquanto 3% informaram que vão usar somente recursos de terceiros.
Entre as grandes empresas que não planejam investir em 2024, 64% justificaram essa decisão pela falta de um plano de investimento ou pela ausência de intenções para iniciar um novo investimento no momento. Outros 33% adiaram ou cancelaram investimentos em andamento.
O foco das grandes indústrias com investimentos planejados para 2024 é o mercado interno. De acordo com a pesquisa da CNI, 40% das empresas que pretendem investir este ano assinalaram que seus planos de investimento estão voltados principalmente para o consumidor brasileiro, 20% afirmaram que visam o mercado interno e 31% informaram que o alvo será igualmente os mercados interno e externo.
Mas houve uma novidade no mercado-alvo dos investimentos planejados. Pela primeira vez, o percentual de empresas que planejam investir no mercado externo atingiu 10% na série histórica. Em 2023, o percentual era de apenas 5%.
* Com informações da CNI