Internet

Inteligência artificial exige uma nova maneira de usar a Internet

A inteligência artificial (IA) vai ditar a maneira como interagimos online; o conteúdo ficará cada vez mais próximo ao usuário; as redes terão de mudar e a segurança será uma preocupação de todos. E isso em um cenário no qual a internet será ubíqua, de acordo com especialistas que participaram de um painel que discutiu a evolução da Internet nos próximos dez anos, durante o LACNIC27, evento que reúne, esta semana, a comunidade da Internet da América Latina e do Caribe, em Foz do Iguaçu, no Paraná.

Para Flavio Amaral, da Netflix, ferramentas sofisticadas com base em IA mudarão a maneira que interagimos com a internet. “Será tudo comando de voz; esqueça que o teclado existe. As ações serão mais rápidas e elaboradas”, afirmou. Como representante de provedora de conteúdo, Amaral aposta que o conteúdo estará sempre próximo ao usuário e que as empresas usarão algoritmos de personalização para sugerir novos conteúdos para as pessoas. “Você vai falar ou apontar celular e o software vai reconhecer o que está vendo sugerir algo”, exemplificou.

Já Adiel Akplogan, da ICANN, argumentou que a evolução da internet passa por entender como o sistema vai abranger todas as coisas que estarão conectadas nele e os novos usos, como a capacidade de reunir mais e mais dados. “O lado brilhante é que a internet vai definitivamente vai se estender para a borda e com cada vez mais coisas conectadas e acessíveis, e isto terá consequência como sermos mais dependentes da internet e precisar de uma internet confiável”, destacou.

Com mais capacidade de reunir dados, a preocupação com segurança aumenta. “A privacidade em cada nível da infraestrutura da rede será crítica”, disse. Nesta linha, Christine Hoepers, do CGI.br, enfatizou a necessidade de melhorar a segurança. “Vamos mover para internet das coisas, internet ultraconectada, mas acho que, da maneira como os dispositivos estão sendo conectados, estamos vendo os efeitos, como os grandes ataques de DDoS abusando da internet das coisas e o aumento da extorsão”, disse.

Para evitar os ataques cheguem, é preciso que cada um faça a sua parte mantendo “seu pedaço da internet saudável”, inclusive os fabricantes, que, conforme falou Hoepers, não têm foco em segurança. “Vimos ataques em hospitais. É a filosofia do instala e esqueça. Se continuar com esta mentalidade, os atacantes terão ainda mais poder de fogo e vai ficar ainda pior, tendo os criminosos controlando e fazendo como os gangsters do cinema.” 


O desafio da segurança fica ainda maior quando observado na perspectiva de como viabilizar a internet para que chegue a todos os lugares. “É um desafio, porque, para fazer a internet chegar a todos os lugares na América Latina, precisa-se de equipamentos de baixo custo. Mas como fazer boa prática e ajudar os pequenos provedores a fazer internet mais segura?”, questionou a especialista. 

Hoepers destacaou ainda a ineficiência de criar leis do mundo tradicional para internet. “O problema de segurança na internet não é igual ao da segurança pública. Será, sim, uma internet complexa, com vários dispositivos conectados”, justificou. A alternativa mais eficiente é todos trabalharem juntos e não com a filosofia de que a segurança vem depois ou é problema do outro. “Temos de começar pelo pequeno, cuidando de cada sistema que é colocado.”

Do lado das redes, Matías Quintanilla, da Telefónica Argentina, disse que os ecossistemas têm de ser automatizados para atender às novas necessidades dos usuários. “Precisamos de rede que acesse sistema e um sistema que melhore a eficiência e permita crescimento de dispositivos e que seja ubíquo”, destacou, completando que formatos com melhores resoluções e novas formas de conteúdo levarão a uma mudança de paradigma das redes móveis e da rede de transporte para conseguir dar suporte. 

 

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